Este texto faz parte da Postagem Coletiva em defesa do Estado Laico, promovido pelo Livres Pensadores.
O que é Estado Laico?
Estado Laico é uma nação ou país que não adota oficialmente uma religião e não toma suas decisões baseado em dogmas de quaisquer religiões. Da mesma forma, não dá preferência ou concede privilégios a seguidores de qualquer religião. O Estado Laico garante o direito de cada um ter sua crença (ou descrença) sem posicionar-se diante de temas religiosos. Há uma separação obrigatória entre Igreja e Estado.
Mas já não é assim que as coisas funcionam?
Não. O Brasil, teoricamente, é um Estado Laico. Assim como os EUA é, apenas teoricamente, um Estado Laico. Sabemos que nos EUA há uma enorme influência de lobbys religiosos na política norte-americana e frequentemente atitudes políticas foram justificadas com base em crenças religiosas dos governantes (George W. Bush que o diga...). No Brasil, acontece algo similar.
Mas aqui, além da notável influência religiosa em decisões políticas, cometemos um atentado ainda mais explícito contra o Estado Laico: temos crucifixos em locais de decisões públicas.
Ei, qual o problema?
O problema é que com isso estamos privilegiando um credo religioso em detrimento de outro. O Brasil não é uma nação cristã. É uma nação composta por cristãos, budistas, judeus, muçulmanos, umbandistas, wiccas, ateus e outros. Ou se coloca todos os símbolos religiosos lá, representando as convicções religiosas de todos os brasileiros (inclusive daquele seu vizinho estranho que acredita em Thor e Zeus, ou do cara no hospital psiquiátrico que acredita no Monstro do Espaguete Voador – sim, ele também tem esse direito!), ou então se retira o crucifixo. Como a primeira opção é virtualmente impossível...
Só um parêntese: existe coisa mais estranha do que o crucifixo? Se eu fosse cristão, seria radicalmente contra o crucifixo como símbolo para minha fé (acho que preferira o simples e simpático peixe). A sua idéia de homenagear seu deus é andar com a cruz onde o torturaram, mataram, debocharam?
Claro, a idéia do crucifixo é justamente essa: lembrar do sofrimento de Cristo. Mas isso representa justamente tudo de pior que existe dentro das religiões. Fomentar a culpa, o “Cristo morreu pelos seus pecados”. Mas, repito, se eu fosse cristão, acharia isso abominável; crer por medo ou por culpa e não por amor ou por concordar com a mensagem do cara. Se Cristo tivesse vivido e sido condenado à morte no século XX, teríamos um monte de cristãos usando cadeiras elétricas no pescoço...Pensem nisso.
Mas um país que seguisse os valores bíblicos, não seria um país melhor?
Muitas pessoas tendem a achar que “amar o próximo” e afins são valores cristãos. Não são. Cristo também defendia isso, mas assim como muitos outros antes e depois dele. Não é como se ele tivesse sido a primeira pessoa a pensar “galera, vamos ser legais uns com os outros que é melhor pra todo mundo”. Incontáveis filósofos e até muitos outros religiosos (Buda que o diga) já pregavam isso bem antes. Estes valores são defendidos por muitas pessoas, independentemente do credo.
E não, não seria uma boa um país que baseasse suas decisões na Bíblia ou em qualquer outro livro sagrado. Quais trechos bíblicos escolheríamos? Seria legítimo alguém defender que homossexuais devem ser mortos baseados em Levítico 18:12, Levítico 20: 13, Romanos 1:26-28, Romanos 1:31-32? Ou alguém matar todos aqueles que não seguem a Bíblia, como é ordenado em Deuteronômio 7, Deuteronômio 20:10, II Crônicas 15:13, Exôdo 22:20? Ou matar filhos desobedientes a pedradas, como ordena Deuteronômio 21:18?
O objetivo deste texto não é falar contra a Bíblia, mas apenas atentar que ela pode ser usada (como já foi outras vezes) para justificar muitas coisas diferentes. Estou certo que temos capacidade para elaborar leis e emitir julgamentos legais e políticos por outros meios, norteados por princípios mais claramente estabelecidos. Um livro sagrado, qualquer um, já foi escrito. Se algo que ele diz foi um erro, permanecerá sendo para sempre, enquanto podemos simplesmente elaborar nossos princípios e modificá-los caso cheguemos à conclusão de que estávamos errados.
Estados teocráticos – baseados em alguma religião – permitem atrocidades indizíveis. Por exemplo, no Ocidente, tivemos a Europa Medieval que, seguindo princípios justificados biblicamente, perseguiam, torturavam, matavam e queimavam “bruxas” (ler Malleus Maleficarum – um livro escrito por inquisidores da época, é uma experiência chocante); também no Ocidente, tivemos religiões diversas que pregavam sacrifício humano para acalmar os deuses quando algo ia mal e assim eram organizadas; no Oriente, temos até hoje estados teocráticos, como o Irã e a Arábia Saudita, e nestes vemos pessoas sendo condenadas à morte por ateísmo, mulheres sendo condenadas à morte por fazer sexo fora do casamento, mulheres sendo deformadas por terem mostrado o rosto em público, entre outros.
Estado Laico é o mesmo que Estado Ateu?
Não. Enquanto o Estado Laico garante sua liberdade de crença, o chamado Estado Ateu proíbe quaisquer religiões. Também sou contra o Estado Ateu e lutaria pelo direito de alguém crer em seu deus tanto quanto lutaria pelo meu direito de descrer nele. Não acho que as pessoas devam ser tratadas diferentemente pelo Estado apenas devido às suas crenças religiosas.
Conclusão
Essa não é uma luta vã e nem deveria ser tratado como algo menor. Suas implicações são imensas na vida de todos nós. Um Estado verdadeiramente laico jamais tomaria suas decisões com base em dogmas, convicções religiosas, correndo o risco de ser extremamente injusto com seus próprios cidadãos. Não iria consentir com a homofobia porque um livro sagrado consente; tampouco iria te proibir de comer frango porque frango não é comida, é oferenda; ou iria te condenar à morte por trabalhar no sábado.
Um Estado laico pode não consentir com sua homofobia, porque ela afeta outros negativamente (seu direito entrando no direito dos outros – ui!), mas se você quiser pode não comer frango, não trabalhar aos sábados, orar todas as noites, acreditar em um deus e desacreditar nos outros quinhentos, ou desacreditar em todos os quinhentos e um deuses.
Ainda estou para ouvir de alguém algum malefício, para qualquer pessoa de bem, do Estado laico. Até lá, permaneço defendendo-o.
Olá primo! Bom, aqui estou para dar a minha opinião. Como você bem sabe, eu sou cristã e é a partir do que eu sigo que comentarei sobre essa questão. Creio que é essa mesma a sua intenção. Não é mesmo? Levantar a opinião de pessoas que pensam de formas diferentes? Pois bem! Admiro se for isso mesmo e penso também que as pessoas realmente não deveriam tomar suas decisões baseadas em religião. Não acho que uma nação deve adotar uma religião. E não é isso o que eu vivo. Eu vivo um relacionamento verdadeiro com Jesus e Ele é acima de qualquer morte ou preconceito que cometeram erroneamente em nome dele.
ResponderExcluirQuem tem um verdadeiro RELACIONAMENTO com Ele sabe qual é o valor de amor ao próximo e qual o valor de viver baseado na Bíblia.
Também concordo que realmente, não é preciso ter um crucifixo em um local de decisão política, pois Deus é vivo. Ele está em tudo e não em um crucifixo que por sinal é um símbolo de tortura.
E uma parte que gostaria de ressaltar do seu texto é quando você falou: "Seria legítimo alguém defender que homossexuais devem ser mortos baseados em Levítico 18:12, Levítico 20: 13, Romanos 1:26-28, Romanos 1:31-32?"
De fato quando pegamos versículos da bíblia fora de todo seu contexto poderia ser legítimo alguém defender isso. Porém, toda "morte" e "condenação" que é dita nessas passagens são referentes a morte espiritual, ao afastamento de Deus. A bíblia diz que o salário do pecado é a morte (morte espiritual). De fato, para os cristãos e de acordo com a bíblia, o homossexualismo é pecado. Porém, não é um pecado diferente do que até mesmo os cristãos cometem. A bíblia diz que Deus não faz distinção de pecados. Mentira também é pecado e toda vez que mentimos também recebemos a morte (espiritual). O pecado afasta o homem de Deus. Porém, Cristo veio para nos dar a salvação. Deus sabe que a nossa natureza é pecadora. Nós nunca seremos perfeitos como Cristo foi. Por isso a bíblia diz que se crermos em Jesus confessando-o como nosso Senhor e Salvador e nos arrependermos de nossos pecados, eles serão perdoados. Não quer dizer que nos tornaremos pessoas perfeitas, mas através do arrependimento seremos perdoados, sempre!
Bom, é esse meu comentário (gigante né!? haha).
Ah, e deixando claro que respeito os diversos tipos de crenças e o homossexualismo. Não tenho absolutamente nada contra o homossexual, respeito e inclusive tenho amigos homossexuais dos quais eu amo muito. Mas não apoio o homossexualismo. E o fato deu respeitar não quer dizer que eu tenha que concordar.
Beijos primo. Apesar das diferenças em nossas formas de pensar, acho que você escreve muito bem! Oro sempre pela sua vida! Te amo!
Ass: Fernanda
P.s.: Postei como anônimo só pra ir mais depressa. hahaha...
ResponderExcluirExcelente texto! Quando li fiquei pensando no quanto alguns religiosos creem com veemência no que é pregado na bíblia. É uma contradição esta postura, pois ao mesmo tempo em que um dos mandamentos é amar ao próximo como a ti mesmo, muitos odeiam aqueles que seguem credos diferentes ou que adotam posturas consideradas erradas pela biblia.
ResponderExcluirO problema fundamental é essa ideia abordada no Brasil, país das irregularidades. Sempre haverá conflito de interesses, e um lado querendo impor a sua vontade, então embora em teoria pareça bom, não sei se esse Estado Laico funcionaria na prática. Quanto aos crucifixos, não me importaria se fossem tirados. Acredito que qualquer tenha sido a razão de estarem ali em primeiro lugar já foi há muito corrompida por escândalos e corrupção desenfreada, então a essa altura, seria até melhor tirar.
ResponderExcluirLucasHB
"Muitas pessoas tendem a achar que 'amar o próximo' e afins são valores cristãos. Não são. Cristo também defendia isso, mas assim como muitos outros antes e depois dele."
ResponderExcluirEu vivo dizendo isso. As religiões agarram esses valores e os anunciam como sendo de sua autoria e mérito, bem como sendo supostamente impossível ancalçá-los sem a mediação da instituição religiosa.
Excelente texto, Pedro. Um abraço.
Há muitos e muitos anos atrás, em uma "dobradinha" da revista Mad, quando fiz a dobradura, aparecia a frase:"Templo é dinheiro". Se minha memória não me trai, a imagem que aparecia na página desdobrada era algo relacionado à caridade. A imagem que aparecia quando a página era dobrada era de um templo cheio de dinheiro. Aquela foi uma das melhores ilustrações sobre o que as instituições religiosas tentam passar como seu objetivo e o que elas realmente almejam.
ResponderExcluirHoje, no Brasil, vemos uma crescente expressão política de um grupo religioso que já foi minoritário, que é denominado sob o termo guarda-chuva de "crentes", e que hoje cresce assombrosamente. É um termo tido derrogatório pois denuncia algumas práticas destes grupos que são entendidas como radicais nos dias atuais. Um aspecto especialmente ilustrativo do fenômeno da crescente destes grupos pode ser visto em muitas cidades brasileiras: teatros e cinemas que estavam fechado ou a beira de fechar são adquiridos e transformados por esses grupos em templos. Ou seja, onde a cultura perece, religiões totalitárias florescem. E digo totalitárias pois são religiões que interferem de forma mais ampla sobre as liberdades individuais. Num extremo deste espectro está, por exemplo, a religião católica, onde a maioria daqueles que se dizem católicos fazem uso de contra-conceptivos, eventualmente praticam aborto, alguns são homossexuais, outros se divorciam, provavelmente todos se masturbam e, embora seja tudo contra os princípios de tal religião, ninguém é verdadeiramente punido por isso. Hoje em dia essas coisas se transformaram numa forma de "economia de culpa" - i.e.: você é culpado destes pecados, mas ok, seja um bom cristão no restante do tempo, e não esqueça de pagar o dízimo na saída. No outro extremo está o Islã fundamentalista, onde decisões de vida ou morte são tomadas de forma completamente arbitrária, atingindo principalmente as mulheres. Mas mesmo a religião católica, como destaca o texto, já teve seus excessos, em uma época na qual detinha muito mais poder político e seu "rebanho" era mais ignorante. Onde o Islã fundamentalista prospera mais? Não tenho dados que confirmem isso, nunca procurei, mas acredito que atualmente seja em países muito pobres do continente africano. Lá, onde originalmente haviam as religiões tribais que deram origem à umbanda. E onde as religiões minguam? Em países mais desenvolvidos, com forte ênfase na educação e formação de seus cidadãos. Cidadãos... Se pensarmos no conceito e nas suas origens gregas, parece até ser necessário um rompimento com as crenças supersticiosas para que a cidadania possa florescer.
Qual o motivo para a religião católica exaltar, durante tanto tempo, a pobreza? Ora, é preciso que "a vida terrena" seja miserável, para que se deseje ardorosamente uma "vida no além". Se o indivíduo consegue viver com plenitude e encontrar alegrias no decorrer de sua vida, talvez ele comece a pensar se há alguma lógica nessas ideias religiosas.
Também faz muito tempo que me dei conta de que não era verdadeiramente necessário travar uma batalha pessoal contra as religiões. As religiões adoram - praticamente dependem - de seus inimigos. Imagine o que seria do deus cristão sem o diabo? As instituições religiosas com suas superstições devem ser relegadas, na medida do possível, ao lugar que lhes é de direito, o mesmo da ufologia, da astrologia, do esoterismo aleatório, etc. Isso seria o ideal, mas realmente fica difícil na medida que tais instituições começam a agir sobre as leis e sobre o governo de um povo.
Enfim, as religiões estão constantemente buscando o poder político, pois por meio do poder político podem manter seu status quo. Não pense que detendo o poder político as religiões irão trabalhar por melhores condições de saúde, melhores condições educacionais para as massas, pois é partindo de uma vida orgânica miserável que elas conseguem vender essas ideias de uma vida no além.
Muito bom o texto Pedro, gostei mto!A ideia do Estado laico é "show de bola", é ideal, mas seria funcional??Um dos problemas do funcionalismo disso seria o fato de termos interpretações diferentes para cada coisa(primazia da discórdia)já daria início a mais uma luta vã qd pensarmos que um reles (baixando o nível do(a) cabocla - ahaha!) "miserável"(pense na sua presidentA - ahahahah!) defenderia uma ideia que ele(a) julgaria ser o melhor para o Estado(no caso...).O ideal tlvz seria começar nesse rotina diária do aprendizado pelo respeito ao próximo e saber delimitar essa linha ténue entre o seu limite e o do outro.A guerra desnecessária de valores gera conflitos sem razão, assim como as religiões que estão sempre "enfiando o dedo" nas feriadas alheias...
ResponderExcluirAntes de tudo, obrigado a todos pelos elogios!
ResponderExcluirAgora, comentando especificamente as falas de cada um:
Fernanda: “Quem tem um verdadeiro RELACIONAMENTO com Ele sabe qual é o valor de amor ao próximo e qual o valor de viver baseado na Bíblia.”
O problema aí é que muitas pessoas também têm tanta convicção quanto vc de que vivem um relacionamento com Jesus e captam coisas bem diferentes deste relacionamento. Vc é contra assassinato de qualquer forma, contra tortura, mals-tratos, preconceitos, e nada coincidentemente, é isso que capta da mensagem dele.
Outros, que não são, captam coisas diferentes. E ambos encontram justificativa no mesmo livro. É difícil falar em “cristianismo verdadeiro” e coisas assim, pois estaríamos pressupondo que a crença dos outros é pior do que a nossa, sendo que não temos motivos para crer que nossa interpretação é melhor do que a deles.
“Porém, toda "morte" e "condenação" que é dita nessas passagens são referentes a morte espiritual, ao afastamento de Deus. A bíblia diz que o salário do pecado é a morte (morte espiritual). “
Na verdade, essa interpretação é bem moderna e veio a medida em que passamos a discordar de muitas coisas que a Bíblia prega. Daí, para salvar a Bíblia, resolvemos fazer malabarismo com seus trechos para justificá-la. Isso pode ser feito com absolutamente qualquer livro.
É complicado essa interpretação de “morte espiritual”. Pois a Bíblia ordena explicitamente como as pessoas devem ser mortas em casa caso: a pedradas, decapitadas, mutiladas, marcadas com ferro quente, barrigas abertas, dependurado em um madereiro, etc.
Peguemos um dos trechos que citei em meu texto, Deuteronômio 21:18, que diz “Quando alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedecer à voz de seu pai e à voz de sua mãe, e, castigando-o eles, lhes não der ouvidos, então seu pai e sua mãe pegarão nele, e o levarão aos anciãos da sua cidade, e à porta do seu lugar; e dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz; é um comilão e um beberrão. Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que morra; e tirarás o mal do meio de ti, e todo o Israel ouvirá e temerá.”
Como alguém pode ser levado até a porta da cidade e apedrejado até a morte ESPIRITUALMENTE?
Além disso, sabemos que na época e na região onde isso foi escrito (na Idade do Bronze), essa era uma prática comum: levava até a porta da cidade e realizava apedrejamentos.
Será que não somos nós quem estamos distorcendo a Bíblia para se adequar ao que pensamos, não? Estou certo que se Deus quisesse falar de morte espiritual e fosse contra todas as atrocidades que ele defende na Bíblia, ele teria sido mais claro. Afinal, o cara é onipotente né.
“Por isso a bíblia diz que se crermos em Jesus confessando-o como nosso Senhor e Salvador e nos arrependermos de nossos pecados, eles serão perdoados. “
Nem todos. A Bíblia é explícita em dizer que o ateísmo jamais será perdoado. E se vc blasfemar contra o Espírito Santo (negando-o, por exemplo), não tem volta, não tem arrependimento que o salve. Isso está em vários trechos, como Marcos 3:29 (pode consultar).
Eu já blasfemei contra o espírito santo e o nego diariamente. Sou, apesar disso, uma pessoa boa, procuro tratar os outros bem, defendo as boas ações e condeno as más, nunca matei, roubei ou torturei, não faço sequer promessas em falso, cumpro com minha palavra, amo intensamente o mundo e as pessoas e procuro melhorá-lo.
Vc acha justo que eu vá para o inferno? Que eu vá ser torturado para todo o sempre porque não vi motivos para crer em Deus e não por causa de minhas ações?
Não pergunto por medo do inferno ou coisa assim (realmente não tenho nenhum) mas para te mostrar o tipo de coisa que a Bíblia prega e justifica e acredito que somos moralmente superiores à ela.
Neto: “É uma contradição esta postura, pois ao mesmo tempo em que um dos mandamentos é amar ao próximo como a ti mesmo, muitos odeiam aqueles que seguem credos diferentes”
ResponderExcluirÉ, mas esse “próximo” são só aqueles de seu povo e que seguem o mesmo que vc (o Deus abraamico). Nos mesmos livros onde se fala isso (Levítico, Deuteronômio), explicita-se que se deve invadir, perseguir e matar aqueles que não seguem o mesmo Deus.
Lucas: “embora em teoria pareça bom, não sei se esse Estado Laico funcionaria na prática.”
Acho que funcionaria, porque temos países onde isso ocorre e funciona, como Dinamarca, Finlândia, Canadá, Holanda e outros. Se está na lei essa separação (como está na Constituição Federal), deve ser cumprida.
Anônimo: muito bom seu comentário! Faria algumas ressalvas pontuais, mas acho desnecessárias.
Daphne: “seria funcional?”
Sim. Claro que pessoas vão discordar das idéias uma das outras, mas que as decisões sejam tomadas com a devida argumentação e embasamento, não em convicções religiosas: “eu acho que deveríamos proibir o aborto porque minha religião diz que é pecado!”.
Se for pra proibir, que sejam por motivos seculares, que possam ser compreendidos independentemente de seu dogma religioso.
Isso inclusive ajudaria a dar uma organizada UM POUCO maior na política brasileira.
Daniel: Quase esqueci de vc, cara! hehehe
ResponderExcluirAcho que quase esqueci justamente porque não tenho nada a acrescentar. Também me incomodo com essa apropriação religiosa de valores universais e bem mais antigos que suas doutrinas.
Isso é, na verdade, apenas a boa e velha ignorância. E como diria Raul Seixas: "Falta-lhe cultura pra cuspir na estrutura!" hehehe
Abraços
Boa pedro, onde fica o botão de "curti isso"????hhihihihi!!!
ResponderExcluirA religião enquanto padrão de alguma coisa gera preconceito e como você mesmo disse justificativas para atos incabíveis perante a lei.
ResponderExcluirTambém sou a favor do estado laico ( palavra nova que você me apresentou, gostei.)
Uma coisa que muito me chateia é o fato das pessoas usarem da religião como um indice de caráter . Nas ultimas eleições uma candidata subiu seu indice de aprovação drasticamente após se declarar evangelica, a nossa atual presidenta contra atacou se dizendo a favor dos religiosos,Os politicos se moldam de fatores como esse pra se tornarem referencia de carater. A historia do nosso pais prova que é uma inverdade.
Pra Fernanda
o Grande problema da religião ( não só a evangelica) é a convicção e o absolutismo, a certeza de que a sua fé é a verdadeira e que suas crenças são corretas. Isso descrimina, gera indiferença. Volto a dizer que sou a favor da liberdade de expressão, mas contra o fundamentalismo. Tenha sua fé em oque quer que seja, mas respeita a diferença não é um mandamento biblico, mas fará de você uma pessoa melhor.
Por fim, parabens primo. Excelente texto.
Primo, boa noite!
ResponderExcluirA única coisa que gostaria de falar, a respeito do seu comentário é que uma verdade não se discute, se vive. É isso o que eu vivo e só postei minha opinião, pois você pediu.
Compreendo que vc não aceite as leis do antigo testamento, pois elas realmente são duras. Muitas pessoas fazem uma imagem de Deus de acordo com aquilo que elas julgam correto. Mas Deus é Deus. Ele não é aquilo que eu ou você queremos que Ele seja. Muitas vezes podemos não compreender as atitudes Dele. É complexo e como te disse só podemos falar de algo do qual vivemos. Por isso, durante todo meu comentário me restringi a falar apenas sobre o Cristianismo. Nenhuma hora falei sobre o Ateísmo, não por preconceito, mas por não ser aquilo o que vivo. E como seria falar de algo que não vivemos? Apenas respeito sua posição.
Antes da vinda de Jesus, realmente as leis de Moisés eram duras. Deus é um Deus que se irá. Claro, que Ele é amor, mas não é só isso.
Eu aceito a verdade bíblica, simplesmente porque confio em Deus e porque o reconheço como tal.
Vejo Deus como alguém que faz coisas das quais posso não compreender, mas às aceito simplesmente porque Ele é Deus e confio que no fim das contas Ele teve um motivo para fazer isso (motivo que eu desconheço, mas confio Nele).
Quanto a você dizer: "Tenha sua fé em oque quer que seja, mas respeita a diferença não é um mandamento bíblico, mas fará de você uma pessoa melhor."
Bom, como já disse: respeito é uma coisa. Concordar ou apoiar é outra.
É isso primo querido! Se quiser pode responder ao meu comentário, mas não vou me estender mais no assunto, pois acho que você já compreendeu minha forma de pensar e eu já compreendi a sua.
Beijos
Fernanda
P.s.: Foi mal pelos erros de pontuação, escrevi correndo e agora que vi. Mas tá valendo! haha... Beijos Fernanda
ResponderExcluirDaphne: Obrigado! Que bom que gostou. Sei que tem sua fé, mas é bom saber que alia ela a um senso crítico.
ResponderExcluirThiago: Valeu, cara! Muito bom seu comentário também. Vou comentar alguns pontos em específico:
"Uma coisa que muito me chateia é o fato das pessoas usarem da religião como um indice de caráter "
Faço minhas as suas palavras. Isso também me incomoda. É triste saber que a maioria da população deixaria de votar em alguém por este ser ateu.Fernando Henrique Cardoso perdeu uma eleição (governo de São Paulo) por causa disso. Da mesma forma usaram a religiosidade (ou falta dela) do Kassab, da Dilma e de outros como estratégia para faze-los perderem votos. Porque funciona, obviamente. Muitos dos seres humanos (e políticos) mais maravilhosos da história foram ateus; muitos dos piores foram religiosos - e muito religiosos. Não estou apontando que que um grupo seja melhor que o outro, mas apenas que não existe correlação entre religiosidade (ou a falta dela) e caráter.
"Tenha sua fé em oque quer que seja, mas respeita a diferença não é um mandamento biblico, mas fará de você uma pessoa melhor."
Concordo com tudo que vc disse, e achei bem pertinente também. Mas este trecho em específico DÁ MARGEM para ser interpretado como se estivesse dizendo que ela não respeita a diferença, o que sei que não foi sua intenção. Para esclarecer, acho que quis apontar justamente que muitas das qualidades desejáveis - e que ela tem, inclusive - não provém de mandamentos bíblicos.
Fernanda: Espero que tenha percebido que quem fez o comentário acima não fui eu, mas o Thiago.rs. Porque não ficou claro que tenha percebido isso, já que parece misturar resposta a algo que eu comento com resposta a algo que ele comenta.
De qualquer forma, repito que fiquei muito feliz de ter comentado aqui e é mais do que bem-vinda para comentar sempre. Torço também para que reconsidere sua opinião e continue a dialogar conosco. Sei que é um assunto incômodo, mas não acredito que tenha havido falta de respeito de nenhuma das partes, em momento algum. Se teve essa impressão, acredito que tenha sido um mal-entendido.
Seu comentário acima revela algo importante: o que vc discorda na Bíblia, vc descarta (não apedreja filhos, por exemplo), colocando para sí mesma que aquilo era válido para aquele momento, mesmo que vc não consiga conceber o porquê. O que confirma que vc segue TRECHOS, que vão de acordo com seu caráter, seus valores, da mesma forma que pessoas não tão boas quanto vc fazem o mesmo, selecionando outros trechos de acordo com a personalidade deles. Isso também confirma que seus valores, sua bondade, não vem da Bíblia. Este é apenas um instrumento onde vc encontra respaldo para algumas de suas convicções. Onde não encontra respaldo, ignora, joga pro lado, "não compreendo, mas quem sou eu pra compreender Deus".
Se vc der um passo além em seus questionamentos - que é um passo MUITO difícil - verá que não tem razão para crer na Bíblia, além de terem te ensinado que ela é a palavra de Deus. Mas nem tudo que nos ensinam está correto e nosso senso critico serve justamente para filtrar essas coisas.
Gostei do post Pedrão ! Bem claro e direto ao ponto !
ResponderExcluirEnquanto lia, me lembrei de quando fiz vestibular e fiquei sabendo da existência dos sabáticos. Por motivos religiosos eles não podem fazer a prova antes do pôr do sol.
Pior que eles, são os judeus mais ortodoxos que não podem fazer nenhum tipo de atividade laboral aos sábados (apertar botões por exemplo).
Os exemplos que citei são casos específicos... Podemos pensar em outras possibilidades. Mas no geral, como fazer pra lidar com isso num estado laico hein ? Tratam-se todos da mesma maneira, ou abre-se todo tipo de concessões pra agradar gregos e troianos ?
Ótimo texto, Pedro!
ResponderExcluirVinícius
Pedro, Obrigado pela resposta fico feliz em poder debater o assunto.
ResponderExcluirLevantando alguns pontos:
- Nandinha
O meu modo de expressão pode ter sido ambíguo , e como o Pedro mesmo disse , eu não quis dizer que você não respeita.
Assim como o Pedro, eu gostaria que você continuasse a debater conosco.
voltando,
A mobilidade e maleabilidade das crenças bíblicas ( dadas ao fato de que a bíblia é interpretada pela maioria das religiões)faz com que a mesma regra seja cumprida de formas diferentes.
Todos tem ambições, porém ninguém teme a riqueza que em tese os condenaria ao inferno
(Mateus 19:24
“E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.”) isso porque as pessoas tendem a moldar as crenças de acordo com o que é mais comodo ou confortável a elas, em alguns casos aplicam regras incomodas, para que acreditem em algum sacrifício como prova de devoção.
O católico pode ser metódico e acreditar no papa como o porta voz de Deus , porém ele usa métodos anticoncepcionais por não achar a crença conveniente a ele.
Isso é perigoso pois esses moldes de crenças são usadas por diversar vezes para justificar atrocidades, é comum ouvir dizer que Deus é Brasileiro e que nós somos um pais abençoado e vigiado por Deus. Um pensamento bem similar a esse é o norte americano que pela crença de tal atacou paises de menos recursos por interesses proprios. ( "lembre-se Deus está do lado de quem vai vencer")
Realmente, o estado Laico se faz necessario por vários motivos.
Ramon, embalando sua pergunta, eu tb a faço pro Pedro.
Eu penso que cada um deveria ter o direito de exercer sua fé, o judeu não aperta botões, os sabáticos não trabalham aos sabados e quem em nada acredita que seja livre pra isso. Porém a constituição deve ser aplicada a todos de mesma maneira, sendo assim um satanista não poderia justificar um assassinato como sendo um ato religioso.
Abraço a todos
Valeu, Ramon e Vinícius, pelos elogios!
ResponderExcluirComentando alguns pontos:
Ramon: “Mas no geral, como fazer pra lidar com isso num estado laico hein ? Tratam-se todos da mesma maneira, ou abre-se todo tipo de concessões pra agradar gregos e troianos ?”
Este é um ponto polêmico e minha opinião a respeito dele não é a opinião consensual, mesmo entre os que defendem um Estado Laico: penso que o Estado laico deve garantir a liberdade de crença, mas não deve se ajustar às crenças alheias, quando religiosas. Ou seja, se houverem motivos seculares, que poderiam ser compreendidos por “todos” que impeçam determinado exercício (como as adaptações para deficientes físicos, as escolas especiais, ou se o cara não pode sair de dia por causa de alguma doença mas precisa fazer o vestibular) ele deve sim providenciar que esta pessoa consiga o que solicita. Se, no entanto, são motivos religiosos, dogmáticos, acho que não, porque senão abre margem para muita coisa
A sua fé e suas consequencias deve ser de responsabilidade sua. Se sua fé te proíbe estar no mesmo cômodo que uma garota menstruada (e isso existe), não cabe ao Estado providenciar uma universidade sem mulheres para que você estude; se sua fé prega que você só pode usar preto e casaco de neve, independentemente da temperatura, não cabe ao Estado comprar ar condicionado para você ou mudar o clima da cidade onde vive.
Em suma, você pode ter sua fé mas, como todo ser humano, você quem deve se adaptar ao mundo, não o mundo adaptar-se a você. Ou arcar com as consequencias disso.
Logo, sou contra essa concessão aos sábaticos. Porque se isso é permitido, qual a justificativa legal para impedir que todos meus examinadores e aplicadores de prova devam estar pelados, porque minha religião diz que só posso fazer provas nu e onde todos estão nus? Enfim, o que impede todo tipo de absurdidade e concessão?
(o Thiago também procurou apontar isso, de maneira mais sintética)
Thiago: Concordo com o que apontou, mas vale lembrar que vão ficar dando interpretações mais variadas de acordo com sua conveniência.
Utilizando seu exemplo, se alguém é a favor do sacrificio material e da pobreza (como são muitos monges católicos), ele trará esse trecho, muitos outros e mil argumentos de como e por que Deus ordena explicitamente a pobreza.
Se alguém é a favor de prosperar (gosta de seus luxos e confortos), justificará isso em outros momentos da Bíblia, e interpretará este trecho de outra forma. É muito difundido, por exemplo, que a “agulha” neste trecho é uma entrada que tinha nos muros de Jerusalém. Supostamente estudiosos do aramaico descobriram isso, mas é apenas um mito muitíssimo difundido, a ponto de estar até em alguns livros (isso que dá os caras não fazerem o dever de casa).
Enfim...Dá-se um “jeitinho brasileiro” pra tudo. Até pra interpretar a Bíblia.
Muito bom Pedro! Gostei do texto que vc fez no Bule e estou aqui lendo mais alguns outros! Parabéns cara!
ResponderExcluirObrigado, Duduziuz!
ResponderExcluirÉ um prazer tê-lo aqui!
Excelente texto! Compartilhando em meu face...
ResponderExcluirObrigado, Rejane!
ResponderExcluirApareça mais vezes!
Abraços
"mulheres sendo condenadas à morte por fazer sexo fora do casamento, mulheres sendo deformadas por terem mostrado o rosto em público"
ResponderExcluirCristãs também não podem fazer sexo fora do casamento, e pela bíblia, mulheres teriam que se cobrir totalmente.