Quem me conheceu na faculdade frequentemente se espanta ao saber que escolhi a Análise do Comportamento em detrimento da Psicanálise. O espanto é justificado até, já que cheguei no curso de Psicologia já com alguma leitura de Psicanálise e passei quase o curso inteiro estudando preferencialmente esta. Fui monitor de disciplinas psicanalíticas, dei aulas sobre o tema, fundei e coordenei o grupo de estudos em Psicanálise de lá, escolhi todos os estágios que podia de orientação psicanalítica, batia boca com professores e alunos que falavam besteira de Psicanálise e era bem quisto por muitos professores psicanalistas.
Para responder essas pessoas, decidi escrever este texto, falando um pouco do por que abandonei a psicanálise.
Na verdade, o principal motivo pelo qual migrei para a Análise do Comportamento está presente em minha monografia. Nesta, procuro demonstrar que tudo que a Psicanálise considera e trabalha, a Análise do Comportamento também o faz, de maneira melhor, e que esta última é, em todos os aspectos, um aprimoramento da primeira. Em outras palavras: abandonei a Psicanálise porque descobri que já tem coisa melhor.
Mas não vou falar disso aqui. Quero preservar o conteúdo da minha monografia para publicações, portanto o que falarei aqui são os motivos secundários pelos quais não sou um psicanalista. Tudo o que falarei a seguir, são críticas que já tinha à Psicanálise antes mesmo de conhecer a Análise do Comportamento e, se tivesse prosseguido na Psicanálise, iria procurar mesmo assim criticá-la e aperfeiçoá-la nestes pontos.
Parte 1: O “Método”
“Método” é simplesmente como alguém investiga um determinado fenômeno ou, em uma definição clássica, o modus de obtenção de conhecimento. Alguém adota um determinado método porque acredita que seja uma boa maneira de saber sobre aquilo - que ela quer saber. Não que necessariamente deva-se formalizar um método ou adotar apenas um, mas seja lá qual for seu modo de obtenção de conhecimento, este deve ser justificado (ou seja, por que eu fazer isso ou aquilo me permite saber algo a respeito daquilo outro). Chamo de método, portanto, apenas a forma pela qual investigamos a respeito de alguma coisa.
O “método” da Psicanálise não é um método formal, com sua validade circunstancial já bem evidenciada (como o indutivo e o hipotético-dedutivo), mas um próprio. A partir da proposta de “metapsicologia” de Freud, psicanalistas dizem que a Psicanálise adota uma Spezialwissenchaft (traduzindo, seria algo como “conhecimento/epistemologia/ciência especial”): algo à parte, exclusivo da Psicanálise, que é irredutível a qualquer forma de “conhecimento habitual” (DOR, 1993, p.24; LINHARES, 1999, p.95).
Apesar desse discurso já causar uma justificada desconfiança em quem costuma estudar filosofia da ciência – por ser exatamente o mesmo papo de quem quer justificar qualquer tipo de coisa, como Design Inteligente, Astrologia, Conscienciologia e outros -, até aí tudo bem. Se você de fato tem algo interessante em mãos e necessita de algo totalmente novo para investigá-lo, ótimo. Conquanto você esteja de fato conhecendo alguma coisa e indo além de pura invencionice. Não acredito que seja o caso da Psicanálise.
O que a Psicanálise faz é uma forma muito particular de hipotético-dedutivo. É um hipotético-dedutivo não-popperiano (ou seria mais adequado até dizer “anti-popperiano”), sem intervenção experimental, sem controle, sem falseabilidade. É basicamente o seguinte: 1 – tem-se um “problema”; 2- pensa a respeito dele e cria sua hipótese, baseado vagamente em sua observação e não se furtando de inferir constructos e dinâmicas internas, mentais, psíquicas; 3- verifica se há coerência interna, ou seja, se é coerente consigo mesma e com o resto da literatura psicanalítica (especialmente Freud e Lacan); 4- com base em 3, modifica, se necessário, ou propõe nova abordagem.
O problema é que com este “método” você consegue justificar virtualmente qualquer coisa. Como o psicanalista não se furta de especulações sobre dinâmicas internas e longas cadeias de acontecimentos psíquicos e como, principalmente, os conceitos psicanalíticos são bem “maleáveis”, você pode delirar livremente sobre alguma coisa e acreditar estar compreendendo - relativismos à parte – algo. Além disso, o passo 3 faz com que a Psicanálise seja quase toda construída em cima de uma falácia: o argumento da autoridade (como apontei brevemente no meu texto "Autoridade", aqui do blog).
Foi basicamente assim que Lacan construiu sua carreira. Metáforas, analogias, constructos e outros, podem ser recursos interessantes para uma explicação, mas devem ser usados com cautela. Freud utilizou-os em excesso, mas sabia disso e procurou sempre deixar claro que eram “ficções didáticas” com um propósito específico (FREUD, 1933/1976; FULGÊNCIO, 2006). Então, por exemplo, se Freud faz uma analogia dizendo que os homens são como as vacas, no sentido de precisarem muito beber água para sobreviverem, vem Lacan e, a partir dessa analogia, começa a delirar (porque desconheço palavra mais adequada) a respeito de nossas tetas, como somos indiferentes aos filhotes que dela tiram sua vida, e sobre nossa eterna ruminação, nunca conseguindo digerir de fato aquilo que nos nutre e etc, etc etc, já que toda masturbação mental pode prosseguir até onde se queira.
Têm outras tantas coisas que gostaria de falar sobre o “método” psicanalítico (como encontrar sua confirmação em outras duas falácias: cherry picking (link) e “cara eu ganho, coroa você perde”), mas sei que quanto mais longo e técnico isso ficar, menor será meu número de leitores.
Meu ponto sobre o método – meu problema com relação a ele – é que a Psicanálise, tal qual está atualmente, é passível de ter seus conceitos manipulados para justificar praticamente qualquer masturbação mental e é exatamente isso que tem sido feito em Psicanálise: masturbações mentais. É importante que os psicanalistas tentem modificar isso ou, se para mudar isso não for possível salvar a Psicanálise junto, que ela também seja enterrada.
Esta afirmação pode parecer ousada, mas se eu estiver equivocado, por favor, me apontem. Se este não for o caso, lembraremos que a Psicanálise foi crucial para a Psicologia e levantou alguns dos problemas mais interessantes. Por este motivo, merece nossa consideração mesmo que apenas histórica: ela é a avó pré-científica da Psicologia científica. E as avós nós enterramos com honrarias ao invés de esquecê-las.
Referências Bibliográficas:
DOR, Joël. A-cientificidade da psicanálise/ Joël Dor, trad. Patrícia Chittoni Ramos. – Porto Alegre : Artes Médicas, 1993
LINHARES, Andréa, Observando o Invisivel: uma epistemologia psicanalítica; Revista LatinoAmericana de Psicopatologia Fundamental, Vol. 2, ano 2, juin 1999. Editora Escuta.
FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Volume XXII. Imago Editora Ltda, Rio de Janeiro, 1976
FULGENCIO, Leopoldo. O método analógico em Freud. Estilos clin. v.11 n.21 São Paulo dez. 2006
(Confira também a Parte 2. )
"É um hipotético-dedutivo não-popperiano"
ResponderExcluirFormalizou algo que eu sempre achei, mas apenas de maneira inconsciente.. ops! rsrs
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Na minha graduação, até a 3a fase, eu me considerava freudiano, mas tbm, todo mundo começa por Freud por conta da mídia e cultura instalada.
Larguei mão dessa abordagem quando, meio cético, comecei a notar que as explicações psicanalíticas eram baseadas em inights particulares, e de quebra os caras ficavam muito nervozinhos quando eu pedia por provas.
"Tem algo errado com isso", pensei, na 4a fase do curso.
Mas o decisivo foi eu ter ido num congresso de Psicanálise, em 2002, onde um palestrante leu 20 min de Lacan em francês sem traduzir. Quando eu levantei a mão e disse que quase ninguém ali entendia francês, ele disse: "Ótimo. Assim tenho certeza que falei direto com seu inconsciente".
Aí chutei o balde...
Eu fico muito triste quando vejo pessoas de boa índole e preocupação com seus pacientes serem tragados pela psicanálise. O que acaba acontecendo é que muitos desses profissionais não leem muito profundamente os autores que utilizam, por estes serem obscuros demais. Eu mesmo estou tentando ler sobre Lacan, Melanie Klein, e me incomoda demais a forma como eles tomam como verdade alguns conceitos frágeis e saem metaforizando em cima deles. Essas metáforas dizem coisas úteis, muitas vezes, mas os teóricos psicanalistas não percebem que as metáforas podem ser enxugadas para terem seu sentido melhor definido para a comunidade científica.
ResponderExcluirNo final das contas a psicanálise acaba se tornando uma barreira ao estudo. Veja um autor como Winnicott. Ele vem com um conceito de "Mãe suficientemente boa", e faz sucesso entre vários psicanalistas. Um conceito senso comum, mas talvez um insight desse psicanalista de que as coisas não precisam ser devaneantes como as aberrações de Melanie Klein "seio bom - seio mal". Como se tudo que uma criança experienciasse fossem tetas, e que se fosse alimentada por mamadeira, então se chama a mamadeira de seio e está conservada a teoria. Muita gente boa está se perdendo no meio desses livros. A sorte é que tem gente que saca a inutilidade dos livros de psicanálise e parte para uma abordagem mais fenomenologica/gestalt/humanista sem saber, de forma intuitiva ou por pura falta de paciência. O problema é que é tudo muito intuitivo, e assim esses psicólogos acabam tendo que reinventar a pólvora várias vezes por falta de uma fundamentação teórica sólida. Mesmo que se tornem bons terapeutas por conta da prática do dia-a-dia do consultório, acaba sendo uma prática frouxa. Quem perde são os pacientes que tem que ficar meses, anos em consultórios, as vezes por conta de problemas mais simples. Perdem os profissionais, por não conseguirem sair do lugar no meio desse turbilhão de conceitos frouxos. E perdemos nós psicólogos, pois são colegas que poderiam estar contribuindo positivamente para a área de conhecimento.
Enfim, é quase um desabafo. Estou sendo obrigado a estudar psicanálise por uma série de motivos, e vou descobrindo em cada página que leio mais um termo inútil e "metafórico".
E o pior de tudo, é que os psicanalistas não percebem que a terapia psicanalítica é ela mesma neurotizante. Sabe aquela coisa "Vá para um psicólogo, mal não vai fazer". Dizer que não faz mal é a mesma coisa de dizer que não vai ter efeito nenhum. Se não pode fazer mal, então não pode fazer bem.
Paro por aqui senão não paro mais.
Bem legal, parabéns. Espero pelo resto do texto. :)
ResponderExcluirEu, assim como o Alessandro, curtia a corrente freudiana até meu terceiro semestre. Fiz alguns trabalhos elogiados pelos meus professores e alguns, até hoje, se surpreendem quando ficam sabendo que sou beheca, já que nas provas de psicanálise e nos comentários em sala eu costumo fazer comentários pertinentes sobre a teoria freudiana. Lembro até hoje de uma professora lacaniana que virou pra mim e disse: "você tem muito potencial". E eu tinha mesmo. Se quisesse ter ido adiante, hoje teria uma vida muito mais fácil à frente, já que a minha faculdade tem tantos psicanalistas quanto se pode ter, tem cursos, grupos de pesquisa, zilhares de disciplinas etc., enquanto ser behaviorista por lá é um suplício. Temos de correr atrás das poucas possibilidades de fazer ciência de um modo geral e somos mal vistos por professores que nos acham "xiitas" já que enchemos o saco sempre que podemos.
No entanto, desde minha época áurea onde eu explicava Freud pros colegas que não entendiam e lia os volumes da Imago e dicionários nas férias, eu já sentia que haviam grandes problemas. Um era a falta de um método coerente, como você apontou e o Alessandro retomou: na prática, cada psicanalista pode fazer o que quiser e depois recortar uns conceitos daqui e dali pra se justificar como bem entender. Isso me amedrontava. Ficava pensando em como as pessoas que procuram psicoterapia podiam ser tratadas no final das contas de qualquer jeito e achava isso um absurdo. Nos meus loucos devaneios, pensava em fundar uma nova corrente freudiana e continuar de onde o tiozão austríaco parou, removendo as baboseiras que já estavam sendo feitas e fornecendo um eixo teórico legal da coisa. Mas, aos poucos, fui me aproximando em paralelo do BR, conhecendo mais e preenchendo o que eu compreendia antes como lacunas da teoria e o ponto de virada foi quando fiz uma pesquisa utilizando os conceitos e vi que o troço funcionava e poderia ser útil e replicado.
Não manjava nada de ciência, e continuo sabendo muito pouco, mas intuitivamente percebi as coisas que não faziam sentido e que poderia construir abandonando de vez os conceitos psicanalíticos. Daí, foi tentar estudar mais, aplicar mais, conhecer mais. E aqui estou. :)
"Meu ponto sobre o método – meu problema com relação a ele – é que a Psicanálise, tal qual está atualmente, é passível de ter seus conceitos manipulados para justificar praticamente qualquer masturbação mental e é exatamente isso que tem sido feito em Psicanálise: masturbações mentais."
ResponderExcluirConcordo. Mas, eu creio que isso seja muito mais um problema dos psicanalistas do que da Psicanálise. E posso até concordar que Lacan tenha grande culpa nisso aí. Os psicanalistas que mais viajam na maionese são lacanianos (e hoje todo psicanalista é lacaniano quase). E, se além de lacaniano, o psicanalista for mulher, o caso piora. Pode parecer sexista, mas o homem é muito mais comedido com esse tipo de "dar asas à imaginação" do que as mulheres.
O que leva os psicanalistas a se perderem tanto nesse tipo de especulação é a riqueza da teoria psicanalítica e o mal uso dela. Jung uma vez criticou o exercício da psiquiatria dizendo que os psiquiatras PRIMEIRO conheciam toda a classificação das doenças e seus sintomas e DEPOIS aplicavam este código no conhecimento de um paciente em particular, quando na verdade ele PRIMEIRO deveria conhecer o paciente e DEPOIS ver onde e como este conhecimento se encaixa nos códigos de doenças.
Toda disciplina cuja teoria é rica demais está sujeita a esse erro. As pessoas estudam e ruminam a teoria, desenvolvem milhões de ligações e conexões entre os conceitos, e depois, com toda esta munição de PRECONCEITOS, tentam aplicá-los em cada caso individual. Eu vejo na reunião da clínica em que trabalho que, quando se discute algum caso clínico, o caso do paciente em si só é discutido de início, e que logo a seguir a discussão recai no debate teórico puro (e vejo inclusive analistas do comportamento caindo nesta armadilha também). O paciente é esquecido, e a teoria toma a frente. O paciente é apenas um pretexto para que os psicólogos possa APLICAR a teoria que JÁ SABEM. Eles não se abrem para CONHECER o paciente. Este já é conhecido de antemão.
Entretanto, não creio que partir para um método positivista, que se abstém de hipóteses iniciais, e que pretende conhecer cada caso individual por si só seja a solução. Em primeiro lugar, deixar todas as hipóteses de lado não é possível, e quem pretende isso está se iludindo. Em segundo, não há vantagem alguma em se abrir mão da teoria psicanalítica que, mesmo com suas muitas falhas, e mesmo com a atuação desastrosa dos psicanalistas, ainda é a coisa mais rica e complexa que existe em termos de Psicologia.
"ainda é a coisa mais rica e complexa que existe em termos de Psicologia."
ResponderExcluirPra mim é um erro pensar assim.
A coisa mais rica e complexa que existe em psicologia chama-se Behaviorismo Radical.
A coisa mais inchada e complicada é que é a psicanálise.
Bom demais, tô aprendendo com vocês galera!!!
ResponderExcluirA quem critica a psicanálise....Como foi a sua análise? Se é que foi...
ResponderExcluirque bosta, tudo errado cara. você é que parece ter várias falhas de método. totalmente reducionista e infundadas, nem vale mt apena discutir, mas enfim. Tentar refutar uma teoria com generalizações do seu método sem discutir como esses métodos funcionam, por exemplo, a metapsicologia como você diz ser apenas masturbação mental, foi em grande parte fundada na psicopatologia, com grande parte de verificações empíricas e de suas proporções na prática, a hipnose é só um exemplo mínimo e inicial disso. se esperte, acorde.
ResponderExcluirMuito bem, até que enfim alguém consciente do que está falando, e não alguém que quer tecer um discurso teórico bonitinho para dizer que aprendeu as palavras difíceis na faculdade.
ExcluirPensa que a proposta da psicanálise é uma proposta de cura? Assim como na análise do comportamento, hehehe.
ResponderExcluirParabéns pelo texto, Pedro! Bem, pelo meu lado me apaixonei pela Analise do Comportamento logo na primeira semana de aula. Sorte, acho que se estudasse em uma faculdade apenas psicanalitica teria desistido do curso (como quase aconteceu no mês que fiz em outra faculdade antes de passar na UEL). De toda forma frequentava as aulas de psicanalise, lia os textls, fazia perguntas, frequentava grupos de estudo, afinal, queria entender aquela teoria. Impossivel. Mesmo assim, alguns colegas de turma não sabiam qual abordagdm havia escolhido, pela postura aberta que adotei.
ResponderExcluirFalei demais (livre associação de idéias), o que eu queria mesmo era parabenizar pelo texto.
um abraço
Muitíssimo obrigado por indicar o texto! Ele traz à mesa muito daquilo que me incomoda na Psicanálise. Fiquei curioso para ver as outras partes. Destaco aqui uma parte do texto
ResponderExcluir"É basicamente o seguinte: 1 – tem-se um “problema”; 2- pensa a respeito dele e cria sua hipótese, baseado vagamente em sua observação e não se furtando de inferir constructos e dinâmicas internas, mentais, psíquicas; 3- verifica se há coerência interna, ou seja, se é coerente consigo mesma e com o resto da literatura psicanalítica (especialmente Freud e Lacan); 4- com base em 3, modifica, se necessário, ou propõe nova abordagem."
Perfeita sua sistematização do método psicanalítico. É exatamente isto. Cara, de verdade, gostaria muito de te ver em um debate com minha ex professora de Psicanálise
Muito bom o texto.
ResponderExcluirFiquei sem nenhuma linha teórica até o final do quarto semestre, apesar de entrar no grupo de behaviorismo (que eu achava mais bacana) no começo do terceiro semestre.
Gosto do Behaviorismo não apenas por causa do modelo de explicação da teoria, mas também pela honestidade da teoria em relação a ciência.
Uma teoria completamente falseavel e portanto cientifica. Na psicanálise, se eu tento falsea-la é por causa da negação e eu acabo comprovando ela. Na boa, isso não faz sentido algum.
Me identifiquei com sua história pois também estudei muito psicanálise na graduação. Hoje quando me perguntam por que escolhi a análise do comportamento respondo "porque funciona".
ResponderExcluirPedro
ResponderExcluirTenho muito interesse na publicação da sua monografia! Não esqueça de me mandar quando publicar ela! Abraços!
Alessandro: Hahahahaha! Esse seu caso é hilário! Uma PÉROLA, de fato!
ResponderExcluirQue não rejeitemos a Psicanálise devido a psicanalistas como esse, mas que a rejeitemos justamente por construir-se de modo a dar margem para essas bobagens.
Anônimo [1]: Concordo plenamente com vc. Skinner também faz essa crítica, dizendo que o excesso de metáforas e analogias fazem eles se perderem em seu próprio jargão. Dá a impressão de mais "complexo" e "profundo", mas não saem do lugar.
Sobre a clínica psicanalítica, é justamente o tema da Parte 2 desse texto. Acho que vai gostar, aguarde.
Aline: Só discordo de vc em um ponto: "não manjava nada de ciência e continuo sabendo muito pouco".
Ciência não é um acúmulo de fatos, dados, descrições, mas essencialmente uma MANEIRA DE PENSAR. Uma maneira de interrogar-se de maneira cética sobre o mundo.
Vc é pra lá de fluente nisso.
(vou responder os demais em outro comentário, a seguir, para não ficar um comentário grande demais)
Daniel: "Concordo. Mas, eu creio que isso seja muito mais um problema dos psicanalistas do que da Psicanálise."
ResponderExcluirConcordo com vc que é MAIS um problema dos psicanalistas do que da Psicanálise, mas não quer dizer que esta última não precise de ajustes para dificultar esse tipo de coisa.
Tanto que eu já tinha estas críticas quando ainda me orientava pela Psicanálise. Achava ela fantástica - com problemas, muitos, mas o melhor que temos (acreditava eu) - e era terrível ver o quanto charlatões intelectuais se beneficiavam de seu jargão para deitar e rolar.
"O paciente é esquecido, e a teoria toma a frente. O paciente é apenas um pretexto para que os psicólogos possa APLICAR a teoria que JÁ SABEM. Eles não se abrem para CONHECER o paciente. Este já é conhecido de antemão."
Também vejo muito isso e tomo cuidado para evitar - embora de modo algum eu seja imune a isso.
Escrevi certa vez um artigo sobre o "Desejo do Analista", não apenas diferenciando este conceito do "desejo DE analista" e "desejo de análise", mas principalmente pontuando, com respaldo na Psicanálise, que em qualquer prática clínica - a Psicanálise inclusa - era muito fácil não nós sermos "espelho" (dentro da conceituação lacaniana) para o cliente, mas o cliente ser espelho para nós, por buscarmos nele a confirmação de nossas teorias. A confirmação de tudo aquilo que essencialmente nos levou à Psicologia ou passou a ser importante, aquilo que faz com que acreditemos que estamos de fato compreendendo alguma coisa, entendendo o ser humano.
Daí selecionamos aquilo que condiz com nossas teorias, corrompemos sutilmente a fala do cliente para se encaixar nela e ignoramos aquilo que não condiz.
É algo terrível, e concordo que seja um problema geral. Mas, por motivos que irei expor na Parte 2 deste texto, acredito que a Psicanálise tem favorecido isso. O que é possível que seja modificado.
"Entretanto, não creio que partir para um método positivista, que se abstém de hipóteses iniciais, e que pretende conhecer cada caso individual por si só seja a solução. Em primeiro lugar, deixar todas as hipóteses de lado não é possível, e quem pretende isso está se iludindo."
É importante vc ser mais específico quando fala de "positivismo", cara, como apontei em outro texto do blog:
http://pedro-sampaio.blogspot.com/2011/07/ciencia-cientificismo-e-outros-ismos.html
Mas não defendo nenhuma abordagem positivista e neste texto não defendo NADA, estou apenas apontando problemas da Psicanálise, que eu ainda enxergaria mesmo se fosse psicanalista. Ou seja, problemas dela, independentemente se tem coisa melhor que ela neste sentido ou não.
E tampouco sou contra hipóteses. Isso seria absurdo! Hipóteses (vou além: ESPECULAÇÃO) é todo o alimento da ciência, da filosofia, de todo conhecimento humano. Mas apenas conjecturar hipóteses é algo simples e não saberemos jamais se aquela hipótese é plausível ou não se não tivermos maneiras para separar o joio do trigo. O que aponto é que o método da Psicanálise de separação do joio do trigo é muito ruim.
"Em segundo, não há vantagem alguma em se abrir mão da teoria psicanalítica que, mesmo com suas muitas falhas, e mesmo com a atuação desastrosa dos psicanalistas, ainda é a coisa mais rica e complexa que existe em termos de Psicologia."
Era exatamente assim que eu pensava outrora, até conhecer BEM o behaviorismo radical.
Não vou tentar te persuadir disso aqui (porque seria absurdamente extenso), nem nas outras partes do texto (porque não é o objetivo), mas se quiser podemos ir conversando a respeito disso. Me mande um e-mail que te mando minha monografia. Será um começo.
Abraço
Anônimo [2]: "A coisa mais rica e complexa que existe em psicologia chama-se Behaviorismo Radical.
ResponderExcluirA coisa mais inchada e complicada é que é a psicanálise."
Concordo com a primeira frase. Sobre a segunda, vou te lembrar de uma coisa: ESQUIZOANÁLISE! hehehehe
Júlio: Valeu, cara! Bom demais ver vc aqui no blog!
Anônimo [3]: "A quem critica a psicanálise....Como foi a sua análise? Se é que foi..."
Acho essa estratégia, tão frequentemente adotada por psicanalistas (inclusive Freud), uma das tentativas mais hilárias de se blindar uma teoria. "Se vc discorda da Psicanálise, é um problema pessoal SEU. É fruto de uma dificuldade sua, de um ponto incômodo que a Psicanálise toca em vc e vc quer calar!"
Ou seja, ela não pode estar de fato errada, o interlocutor que aprioristicamente tem dificuldades emocionais com ela.
Claro, se é a Psicanálise quem critica outras teorias, não é porque o psicanalista tem dificuldade com a teoria. É, para os psicanalistas, uma via de mão única.
Obviamente este é apenas mais um dos recursos falaciosos da Psicanálise: ad hominem:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ad_hominem
Favor, ataque o argumento, não o interlocutor.
Anônimo [4]: "que bosta, tudo errado cara. você é que parece ter várias falhas de método. totalmente reducionista e infundadas, nem vale mt apena discutir, mas enfim."
E se vc apenas utiliza termos como adjetivos, pechas morais, não tem como eu ver o problema na minha argumentação e não tem porque eu - nem ninguém - mudar de opinião.
"por exemplo, a metapsicologia como você diz ser apenas masturbação mental, foi em grande parte fundada na psicopatologia, com grande parte de verificações empíricas e de suas proporções na prática, a hipnose é só um exemplo mínimo e inicial disso. se esperte, acorde."
Estou ciente do percurso e filiações da metapsicologia. Não é tão próxima assim da psicopatologia não, apesar da formação médica de Freud. Vc pode conferir isso no livro "Metapsicologia Freudiana" e "Introdução à Epistemologia Freudiana", ambos do Assoun.
Mesmo se fosse pautada na psicopatologia, isso não quer dizer muito. Primeiro porque seria apenas uma falácia de apelo à autoridade, se vc não especificar porque isso torna minhas críticas infundadas. E segundo porque a própria psicopatologia não é imune às críticas, muitíssimo pelo contrário, é alvo fácil. ESPECIALMENTE a psicopatologia do século XIX, que supostamente Freud se embasou...
Anônimo [5]: "Pensa que a proposta da psicanálise é uma proposta de cura? Assim como na análise do comportamento, hehehe."
Não vejo a relevância disso para ESTE texto. Mas falarei sobre isso na Parte 2, A Clínica.
Aguarde.
Fala, Pedro!
ResponderExcluir“Mas, por motivos que irei expor na Parte 2 deste texto, acredito que a Psicanálise tem favorecido isso.”
Eu acho complicado você rejeitar uma teoria em vista do mal uso que PODE ser feito dela. Principalmente quando você conhece bem esse mal uso e se abstém dele. É como se você estivesse abandonando a teoria em vista dos erros dos OUTROS. Mas, que importância tem os erros dos outros se você se abstém deles e retira da teoria o melhor que ela pode lhe dar? Muito diferente é quando você abandona uma teoria em vista do fato de que não há um bom uso que possa ser feito dela, ou que há outra teoria que, quando bem usada, é melhor que a teoria que você está abandonando. Acho que sua argumentação deveria tomar essa direção.
Sobre essa coisa do positivismo, vamos deixar pra lá. Tem mais a ver com meu debate com o Daniel Gontijo.
Abração
metamorfosepensante: Obrigado!
ResponderExcluirEu confesso que alguns textos de Psicanálise eu até gosto de ler, não tenho essa aversão. Mas certamente hoje em dia eu não mais suportaria ficar assistindo aulas e aulas de Psicanálise.
Seria como ser obrigado a assistir aulas e aulas de Astrologia.
Neto: Antes de tudo, muito obrigado!
Sobre o debate, como te disse, só marcar! hehehe
André: Pois é! Era disso que estava falando quando comentei do "cara eu ganho, coroa você perde".
Não gosto do behaviorismo radical por ele ser "cientifico" ou não. Esse adjetivo por sí só não me quer dizer muito. Gosto por zilhões de motivos mas, resumidamente, por ser o melhor que temos em termos de Psicologia.
Felipe: É uma resposta pragmatista e correta, mas pode ser facilmente mal-interpretada. Pode ser taxado de "reducionista", "cientificista" e outros, que comento no meu texto sobre o tema:
http://pedro-sampaio.blogspot.com/2011/07/ciencia-cientificismo-e-outros-ismos.html
Muitas pessoas não estão nem aí para o "porque funciona". É, algumas vezes, necessário explicar por que este é um bom critério.
Anderson: Pode deixar! Mandarei!
No mais, obrigado a todos pelos elogios, críticas, comentários!
Abraços
Sim, Freud e Lacan fizeram tudo errado. Sua monografia vai mudar totalmente o curso da psicologia e, finalmente, apontar o Behaviorismo como ciência (ou filosofia?) magna e absoluta. Nada se compara ao behaviorismo com seus ratos e conclusões "cientificas", pautadas na experimentação verdadeira. Pronto, falei o que os behavioristas querem escutar. Acho que, ao invés de perder tempo atacando os psicanalistas e a psicanalise, fosse mais proveitoso dedicar pesquisa à sua abordagem. Já conheci vários behavioristas que quiseram fazer monografias tentando explicar que a psicanálise não é "inútil" e que o behaviorismo é superior ou "mais cientifico". Estou procurando as da psicanalise que fazem isso contra o behaviorismo, mas tenho tido pouco sucesso...Acho que os psicanalistas tem coisas mais importantes a se preocupar. E antes de mais nada, não sou psicanalista, sigo a abordagem humanista. Abraço
ResponderExcluirCorreção: na parte "não é "inútil" ler "é inútil"
ResponderExcluirSó pra colaborar com uma indicação de livro e uma citação que gosto muito.
ResponderExcluirPreacontal, M. de (2001). A impostura científica em dez lições. Tradução Álvaro Lorencini. São Paulo: Editora UNESP, 2004:
"Quando o impacto da mensagem acaba por predominar sobre o seu conteúdo, o real se enfraquece" (p. 25) [Não me comprometo com uma possível ideia realista científica que a palavra real possa trazer.A propósito, alguém pensou em Lacam ou Deleuze ou Guattari ao ler essa frase? rss]
"Não se trata absolutamente de concluir que os sábios são os únicos detentores da verdade: essa crença bastante difundida, às vezes alimentada pelos cientistas, é a primeira das imposturas. Ela equivale a fazer da ciência uma nova igreja, cujos sacerdotes seriam os pesquisadores" (p.26).
Texto bacana, comentários nem tanto....
ResponderExcluirPorque não criticar a psicanálise, caro colega anônimo? Só para defender o ideal democrático de "cada um tem direito a sua opinião"? Acho que a idéia é justamente a de que cada um expresse sua opinião para que do embate de opiniões surja algo frutífero. E desse embate faz parte a crítica. Nós behavioristas agradecemos as criticas feitas ao behaviorismo, porque nos força a definir melhor a nossa ciência. Não vamos nos fechar nas nossas escolinhas aonde somos aceitos e acolhidos. Vamos à agora, colocar nossas idéias a prova.
ResponderExcluirCaro Pedro,
ResponderExcluirBom texto, sou psicanalista e vejo uma crítica como a sua com bons olhos, pois as críticas ajudam a melhorar a teoria ou a pelo menos aprendermos o que nos espera ao discutir com um behaviorista-filósofo ou mesmo um behaviorista-não-sabe-nada-de-filosofia-ou-mesmo-ciência (caso que acho mais presente em blogs e graduações por aí; não é um ataque a você, por favor não se ofenda, mas ele é pertinente demais na realidade dos psicólogos/psicanalistas/analistas/terapeutas brasileiros, mesmo os "professores"). Já os comentários - não necessariamente os seus - não muito bons, principalmente as ilusões acerca do poderio científico e teórico do behaviorismo, que para mim é comum na maioria dos blogs de comportamentalistas que vejo por aí (aqui uma curiosidade minha, sempre me perguntei porque só behavioristas fazem blogs).
Sim, só comentando para dizer do último parágrafo, não sei se foi um erro que você trouxe de épocas psicanalíticas, mas se você já é formado, sabe que a psicanálise não é "avó" das teorias científicas, muito pelo contrário, apesar do apelo de freud por essa atuação, a psicologia científica já existia anteriormente mesmo à criação do primeiro laboratório de psicologia experimental de wundt em 1879, com os trabalhos de fechner e weber. A psicanálise nada tem que ver com a ciência, e, afora freud e mais alguns gatos pingados, não se pretende muito ter (o que com certeza é algo que as pessoas que creditam à análise do comportamento um status "científico" com certeza vão se incomodar.
No mais, esperarei o próximo post que você escreverá, creio que ele terá a mesma densidade teórica que este, mas é sempre válido ouvir (e ler) argumentos contrários para se certificar dos seus próprios.
Mais uma curiosidade: Você já fez pesquisa científica?
Realmente, também me pergunto acerca dessa pretensão dos behavioristas em demonstrar a supremacia cientifica da sua abordagem sobre as outras, em particular sobre a psicanálise.Todos os blogs behavioristas contém algo desta natureza. No mais o texto está bom, com algumas críticas pertinentes que valem não só pra psicanálise mas para outras ciências, afinal, a física e a biologia com sua teoria evolucionista , além de outras ciências, possuem teorias não experimentais e nem por isso deixam de ser cientificas. Bem que a psicanálise nunca teve esta pretensão, por isto acusá-la de não ser cientifica não me parece válido.
ResponderExcluirO próprio Popper já fez estas críticas à psicanálise. Não vi nada de novidade no texto. A metapsicologia é antes de tudo tratamento da neurose. É o texto do analista na relação do divã e comporta a experiência psicanalítica. Não se trata de inventar coisas sem sentido, porém este método não pode ser falseável e ai entra a crítica de Popper. Não entendi o ponto da "autoridade" psicanalítica. Neste viés toda ciência tem uma autoridade, afinal, Skinner também é a "autoridade" máxima do behaviorismo Radical e todo constructo behavior está pautado no mesmo. Se para vc a autoridade de Freud usa falácias, o que te garante que Skinner também não faz o mesmo? Você deve se lembrar das falácias de Skinner em relação ao "comportamento verbal".
ResponderExcluirEu acho que essa reação dos behavioristas é uma reação natural aos psicanalistas. Toda vez que se busca discutir com um psicanalista só recebemos respostas confusas e argumentos irracionalistas. É complicado escrever livros e livros de linhas argumentativas e ainda assim se pretender irracionalista. Sinceramente, essa história de dizer que "psicanálise não se pretende ciência" é só mais um dos argumentos para fugir do debate. Já que não é ciência, não pode ser discutido. Típico.
ResponderExcluirSó uma coisa em relação ao último anônimo. Enquanto no comportamento verbal Skinner diz "se você discorda do que estou dizendo, teste", o psicanalista diz "se você discordar do que eu digo, você está resistindo".
Algumas citações de Freud a esse respeito:
Sobre Jung e Adler: "A verdade é que essa pessoas selecionaram alguns tons culturais da sinfonia da vida e mais uma vez deixaram de ouvir a melodia pderosa e primordial dos instintos" (Freud, 1914, p. 62)
(quanto a essa citação de cima, é como se Freud não percebesse que ele mesmo está selecionando alguns tons culturais e renegando outros)
ResponderExcluirA melhor de todas é essa briga entre Freud e Jung:
Jung: "Eu descobri que minha versão da psicanálise conquistou muitas pessoas que até agora tinham sido afastadas pelo problema da sexualidade na neurose"
Freud:"Você diminuiu muito a resistência com suas modificações, mas eu o aconselharia a não colocar isso na coluna dos créditos porque, como você sabe, quanto mais se afastar do que é novo na psicanálise, mais certo que será aplaudido e menor resistência encontrará".
(essa última citação está nas coletânea de cartas de Freud)
ResponderExcluirO psicanalista (nesse caso emblemático, Freud) deixa de perceber que de dentro de cada perspectiva, o outro sistema de pensamento é sempre uma "resistência". É sempre uma forma de pensar diferente, baseada em outros critérios. O que nós precisamos é de um canal para que possamos nos COMUNICAR, sem nos fecharmos em nossas igrejas, que o que caricatamente acontece com a psicanálise. Pode-se se falar "ah, o behaviorismo também tem suas igrejas e está se fechando no seu conceito de científico". É claro, isso é inevitável, mas o que estamos buscando dentro de nossa igreja, é uma igreja da comunicação. Novamente trago o pensamento da ágora. A ágora (democracia) é, obviamente, mais uma das perspectivas possíveis, mas é uma perspectiva que dentro de toda sua injustiça permite o DIÁLOGO. E é isso que temos que perseguir.
ResponderExcluirNesse sentido, o conhecimento "científico", tão criticado por todos, é um conhecimento democrático por excelência, porque pode ser testado, discutido. Essa é o interesse maior.
ResponderExcluirDaniel: "Eu acho complicado você rejeitar uma teoria em vista do mal uso que PODE ser feito dela."
ResponderExcluirMas eu não rejeito a Psicanálise por causa disso, como deixei claro na introdução deste texto. Estas são críticas que tinha à Psicanálise quando ainda me orientava por ela e são, como tb coloquei, coisas que, se eu fosse psicanalista, procuraria corrigir.
Acho que o que aponto é um problema sério e é fundamental para a Psicanálise ter um ou mais métodos bem descritos, que visem diminuir a probabilidade disso acontecer. Do modo como ela está estruturada, qualquer coisa pode ser legitimada.
Anônimo [6]: "Acho que, ao invés de perder tempo atacando os psicanalistas e a psicanalise, fosse mais proveitoso dedicar pesquisa à sua abordagem. "
Eu dedico. Mas acho importante sim, criticar outras teorias - se estas críticas forem pertinentes. Se não forem, que me apontem.
O problema seria justamente o contrário, cada um no seu quadrado, aceitando a "pluralidade" como se isso fosse - SEMPRE - algo indiscutivelmente bom. Não podemos tratar as abordagens psicológicas como religiões e ficar nessa de "cada um acredita em uma coisa, vc acredita em X, eu em Y, me deixe em paz".
Isso é blindar teorias de críticas e é tratá-las como dogmas. Nada, absolutamente nada, poderia ser pior paraa Psicologia e consequentemente para as pessoas que usufruem de seus serviços, do que isso.
"Já conheci vários behavioristas que quiseram fazer monografias tentando explicar que a psicanálise não é "inútil" e que o behaviorismo é superior ou "mais cientifico". "
Sua pesquisa foi melhor do que a minha então, porque não conheço muitos. Se puder me trazer...
De qualquer forma, jamais falei em "mais científico", nem na minha monografia, tampouco aqui (pois não comparo com ninguem no texto). Está atacando um espantalho.
"Estou procurando as da psicanalise que fazem isso contra o behaviorismo, mas tenho tido pouco sucesso...Acho que os psicanalistas tem coisas mais importantes a se preocupar. "
Na minha monografia eu trabalho com 12 principais trabalhos de psicanalistas criticando o behaviorismo radical. Grandes autoridades, dentre eles Freud (no caso, criticando o behaviorismo de Watson), Lacan, Miller, Roudinesco e autoridades brasileiras, como Jéfferson M. Pinto e outras.
Se desconhece, posso te trazer uma coletânea considerável, mas não utilize a sua ignorância da literatura como argumento.
Fábio: Valeu, cara! E procurarei ler essa indicação sua, não conheço.
Anônimo [7]: Obrigado! Sobre os comentários: deixo aberto justamente pra ouvir de tudo. A regra de fato são pessoas ofendidas atacando mas não argumentando, mas felizmente existem as exceções, dispostas a, caso eu esteja equivocado, me ensinar onde equivoquei e como posso aprimorar.
Só uma ressalva Pedro, quanto a seu ultimo comentario:
ResponderExcluir"O problema seria justamente o contrário, cada um no seu quadrado, aceitando a "pluralidade" como se isso fosse - SEMPRE - algo indiscutivelmente bom. Não podemos tratar as abordagens psicológicas como religiões e ficar nessa de "cada um acredita em uma coisa, vc acredita em X, eu em Y, ME DEIXE EM PAZ"."
É preciso ter cuidado para não confundir as coisas. Esse exemplo que você deu não é um exemplo de pluralismo, é um exemplo de totalitarismo. O pluralismo seria "cada um acredita em uma coisa, vc acredita em X, eu em Y, VAMOS CONVERSAR".
O pluralismo é perfeitamente sintonizável com o pensamento que você trouxe no post principal. Digo isso porque as vezes vejo pessoas com um discurso pluralista criticando o pluralismo, e vejo muita gente dizendo que é pluralista agindo de forma totalitária.
Anônimo [8]: Muito bom! Faço minhas as suas palavras.
ResponderExcluirAnônimo [9]: "Já os comentários - não necessariamente os seus - não muito bons, principalmente as ilusões acerca do poderio científico e teórico do behaviorismo, que para mim é comum na maioria dos blogs de comportamentalistas que vejo por aí (aqui uma curiosidade minha, sempre me perguntei porque só behavioristas fazem blogs)."
Blogs são coisas fáceis de serem abertos, então verá um enorme leque de pessoas com blogs. Algumas boas, a maioria não tão boa.
Isso é uma opinião estritamente pessoal e baseada numa suposição, mas chuto que behavioristas tenham mais blogs que psicanalistas porque estes últimos tendem a se preocupar mais com um proselitismo do conhecimento e blogs seriam o extremo oposto, acessibilidade, não-formalidade do conhecimento.
Com isso não quero dizer que psicanalistas tenham mais esmero que analistas do comportamento, mas simplesmente que se preocupam mais em parecerem eruditos.
"a psicanálise não é "avó" das teorias científicas"
Agradeço seu apontamento, mas estou sim ciente do que disse. Não tomei ela como primeira, sequer como científica. Por isso tomei o cuidado de falar que ela é a "avó pré-científica". Com isso quis apenas ressaltar o quanto ela influenciou abordagens porvir e o quanto levantou questões interessantes que outras psicologias vieram a abordar.
"Você já fez pesquisa científica?"
Sim. Por quê?
Anônimo [10]: "No mais o texto está bom, com algumas críticas pertinentes que valem não só pra psicanálise mas para outras ciências, afinal, a física e a biologia com sua teoria evolucionista , além de outras ciências, possuem teorias não experimentais e nem por isso deixam de ser cientificas."
Não estou acusando ninguem de não ser científica ou experimental. Sequer uso a palavra "científica" em todo o texto. A Psicanálise poderia ser soberba mesmo sem preocupação "científica", se fosse devidamente justificada, se fosse capaz de apontar por que acreditam estarem fazendo algo além de pura invencionice. Mas não me parece o caso.
"Bem que a psicanálise nunca teve esta pretensão, por isto acusá-la de não ser cientifica não me parece válido. "
Teve sim, com Freud e outros, e acho uma pena justamente que tenha parado de ter essa preocupação. Mas, novamente, não é disso que trato no texto.
Anônimo [11]: "O próprio Popper já fez estas críticas à psicanálise. Não vi nada de novidade no texto."
De fato, não é nada de especialmente novo. Só acrescentei Lacan no balaio e comentei que ele levou estes problemas a outros níveis.
"Não entendi o ponto da "autoridade" psicanalítica. Neste viés toda ciência tem uma autoridade, afinal, Skinner também é a "autoridade" máxima do behaviorismo Radical e todo constructo behavior está pautado no mesmo. "
Não foi neste sentido que me referi. Acho que se vc ler o texto que linkei, onde falo sobre o tema, entenderá melhor.
E o behaviorismo radical não é pautado na autoridade de Skinner. Skinner é um teórico cuja palavra vale tanto quanto qualquer outro. O fato dele ser mais mencionado é por ter sido o primeiro a conceituar várias coisas e ter feito importantes considerações. Mas discordam de Skinner com frequência na análise do comportamento e não há nenhum problema nisso.
O behaviorismo radical não depende da autoridade de Skinner e não depende que confiemos em suas palavras. Suas hipóteses podem ser verificadas por todos, acatadas, rejeitadas ou aprimoradas (como muitas foram).
"Você deve se lembrar das falácias de Skinner em relação ao "comportamento verbal". "
Eu lembro de uma em particular, porque é uma crítica minha ao Comportamento Verbal, mas dificilmente estou falando do mesmo que vc. A que falácias vc se refere?
Anônimo [12]: "Sinceramente, essa história de dizer que "psicanálise não se pretende ciência" é só mais um dos argumentos para fugir do debate. Já que não é ciência, não pode ser discutido. Típico."
ResponderExcluirAté poderia ser discutido, por isso sempre coloco a pergunta da maneira mais ampla possível: Sob qualquer perspectiva, sob qualquer ponto de vista (esqueça "científico"), POR QUE VC ACREDITA NISSO QUE AFIRMA? Quais motivos tem para isso?
O problema é que ela não se sustenta sob nenhuma perspectiva.
E muito bacana a citação de Freud que trouxe.
Anônimo [13]: Pois é, se torna uma briga retórica, vendo quem usa a falácia mais adequada para derrubar o outro. Um debate honesto iria procurar mostrar porque ele está equivocado em afirmar X e por que na verdade é Y.
Anônimo [15]: "O que nós precisamos é de um canal para que possamos nos COMUNICAR, sem nos fecharmos em nossas igrejas, que o que caricatamente acontece com a psicanálise. "
Tenho buscado muito isso, cara. Acho terrível a idéia de que devemos permanecer em compartimentos separados, aceitando tudo ou rejeitando tudo.
Anônimo [16]: "Nesse sentido, o conhecimento "científico", tão criticado por todos, é um conhecimento democrático por excelência, porque pode ser testado, discutido. Essa é o interesse maior. "
Exato. A coisa mais linda do conhecimento dito "científico" é que ele é igualmente aplicável e pode ser igualmente testado tanto para pessoas no Brasil, Eua, quanto na África, Ásia, Antárdida ou uma tribo numa ilha qualquer.
Anônimo [17]: "O pluralismo é perfeitamente sintonizável com o pensamento que você trouxe no post principal. Digo isso porque as vezes vejo pessoas com um discurso pluralista criticando o pluralismo, e vejo muita gente dizendo que é pluralista agindo de forma totalitária. "
Acho que vc tem razão. Mas a palavra pode ser usada de muitas formas diferentes e meu problema é quando é utilizada como esquiva para debate e tentativa de blindar teorias.
Mas ótimo apontamento!
PEDIDO:
No mais, galera, se puderem ao menos se identificar escrevendo o NOME ao final do comentário, seria bom, pra não ficar falando de "Anônimo [17]", "Anônimo [94]" etc. rs
Abraços
E sabe, Pedro, esse é um problema! Aqui em Manaus tem mestrado em psicologia, mas eu não penso nele como uma possibilidade. Não aguentaria mais aulas de psicanalise ou psjcologia social. Foram importantes na minha formação no seu momento, mas não, obrigada.
ResponderExcluirUm abraço
Sob qualquer ponto de Popper, a psicanálise estará condenada. É muito fácil se esconder atrás dos argumentos de Popper, nesse prisma toda arguição à favor da psicanálise é inválida e ela nunca será considerada uma ciência. Se invertermos as coisas e irmos ao encontro da crítica de Bachelard e ao encontro da Nova ciência, a qual considera o caos, a incerteza e a subjetividade, fatores relevantes para que se pense o objeto científico, então, a psicanálise é uma das ciências das mais atualizadas. Mas, vou partir da própria crítica de Popper e em consonância com o psiquiatra EDNEI JOSÉ DUTRA DE FREITAS, para refutar seus argumentos e os do próprio Popper. Vamos lá:
ResponderExcluirDiz Popper: "Ela (a Psicanálise) é uma interessante metafísica psicológica...mas ela nunca foi uma ciência. Devem existir muitos casos exemplares das teorias de Adler e de Freud. Mas o que impede a teoria deles de ser científica, no sentido aqui descrito, é muito simplesmente que essas teorias não excluem nenhum comportamento humano possível. Seja lá o que for que alguém faça é, em princípio, explicável em termos de Freud ou de Adler. .. Esse ponto é muito claro, nem Freud nem Adler fazem nenhuma exclusão quanto aos possíveis comportamentos de alguém, sejam quais forem as circunstâncias exteriores. Quer um homem tenha sacrificado sua vida para salvar uma criança que se afoga (um caso de sublimação), quer ele a mate por deixá-la se afogar (um caso de repressão), isso não poderia ser nem predito nem excluído pela teoria freudiana. A teoria era compatível com tudo que pudesse acontecer, mesmo sem nenhum tratamento especial de imunização".
Esta fala de Popper é o resumo do seu texto inteiro.O que vimos acima foi Popper tentando refutar o que ele imagina serem idéias psicanalíticas com um argumento lógico, o que sua teoria condena. Por outro lado, a onisciência que ele atribui à Teoria Psicanalítica nunca foi reivindicada por Freud. Onde Popper foi buscá-la? Tal onisciência seria sinônimo de inconsciência - o oposto do que a Psicanálise procura como meta. Freud, já em 1914, opunha "neurose narcísica" à "neurose de transferência", afirmando que não podia incluir em suas teorias os pacientes portadores de "psiconeuroses narcísicas" e disse ainda Freud que ele não aceitava e não recomendava que psicanalistas recebessem pacientes com tais perturbações para serem submetidos à Psicanálise. Esta colocação, por si só, já refuta amplamente a proposição de Popper acima exposta de que "essas teorias (nota minha: a Psicanálise) não excluem nenhum comportamento humano possível.
Continuando...
ResponderExcluirÉ também notável a ignorância e o desconhecimento de Popper sobre a psicanálise, bastando ver a maneira desastrosa como ele define sublimação e repressão.
No mais, a psicanálise trabalha com a compreensão objetiva pelo psicanalista daquilo que se passa na transferência e será comunicado ao analisando. Este é o primeiro dado objetivo da psicanálise e é resultado da subjetividade do analisante e do analisado. Mesmo sendo resultado de subjetividades, a compreensão é um dado OBJETIVO.A criação através da interpretação psicanalítica não tem como ser arbitrária. A liberdade de criar que tem o analista limita-se pelo limite da objetividade. Portanto discordo do seu argumento de que a psicanálise é uma espécie de invencionice metafórica que explica qualquer coisa. Se o que vc afirma fosse verdadeiro, o psicanalista passaria a ser um guru e a psicanálise um dogma.
Outro ponto é a questão de por a psicanálise à prova. Pois bem, vou usar as falas do próprio Popper:
"todo enunciado científico empírico pode ser apresentado de maneira tal que todos quanto dominem a técnica adequada possam submetê-los a prova. Se, como resultado, houver rejeição do enunciado, não basta que a pessoa nos fale acerca de seu sentimento de convicção, no que se refere às suas percepções. O que essa pessoa deve fazer é formular uma asserção que contradiga a nossa, fornecendo-nos indicações para submetê-la a prova. Se ela deixa de agir assim, só nos resta pedir-lhe que faça novo e mais cuidadoso exame de nosso experimento, e que reflita mais demoradamente"
Como então colocamos a interpretação psicanalítica de modo a defendê-la a invés de simplesmente colocá-la acima de qualquer falseabilidade? Simples, apresentando meus resultados em congressos, revistas e demais meios no qual outros psicanalistas podem ou não refutar minha interpretação. Nesta situação todos dominam a mesma técnica e podem refutar ou não uma teoria.
Usando novamente as palavras de Popper, "todo enunciado científico empírico pode ser apresentado de maneira tal que todos quanto dominem a técnica adequada possam submetê-lo a prova" Penso que, para testar empiricamente a Psicanálise, o experimentador – como em qualquer ciência - tem de estar devidamente equipado com a teoria e a técnica adequada.
Você então pode argumentar que seria impossível repetir o mesmo experimento psicanalítico pois os indivíduos são únicos. Talvez este fator seja comum até ao Behaviorismo não é mesmo? Mas para a psicanalise, existem pesquisas recentes que já demonstram padrões inconscientes de repetição, o que quer dizer que não é possível uma completa individuação e unicidade: o self nunca se diferencia totalmente de suas raízes nem do objeto. É impessoal e irracional você achar que só os Behavioristas atualizam e discordam do seu maior expoente (Skinner) enquanto os psicanalistas em nada atualizam Freud ou Lacan.
"Como então colocamos a interpretação psicanalítica de modo a defendê-la a invés de simplesmente colocá-la acima de qualquer falseabilidade? Simples, apresentando meus resultados em congressos, revistas e demais meios no qual outros psicanalistas podem ou não refutar minha interpretação. Nesta situação todos dominam a mesma técnica e podem refutar ou não uma teoria."
ResponderExcluirAì Caro Anônimo, é exatamente onde está o problema. A psicanálise se guia por um critério teórico. Se fizer sentido dentro do corpo de conhecimentos escritos, faz sentido. A crítica é justamente essa. Esse não pode ser o único critério, porque por esse critério qualquer coisa pode ser dita, bastando que seja reconhecida pela comunidade dos que dizem coisas parecidas. Ora, aí não há nenhuma novidade, o conhecimento sempre foi produzido assim, seja psicanálise, wicca, astrologia. Queremos algo diferente, algo que tenha coerencia teórica sim, mas algo que funcione e que possa ser testado.
Grande parte do que é escrito por psicanalistas é puramente pavoneamento. E nesse sentido falo mais da metapsicologia do que propriamente da psicologia freudiana.
Beheco
ResponderExcluirVocê leu tudo o que eu escrevi nos dois posts acima? Eles continuam minha argumentação e demonstram justamente o que vc criticou. Qual é a incoerência teórica da psicanálise? O que funciona e pode ser testado está no post acima, por favor, antes de comentar leia o post por inteiro.
Complementando Beheco,
ResponderExcluirA citação que você elegeu é justamente contra a fundamentação de Popper, e que embasa 99% das críticas dos behavioristas contra a psicanálise. Leia a citação de Popper:
"todo enunciado científico empírico pode ser apresentado de maneira tal que todos quanto dominem a técnica adequada possam submetê-los a prova. Se, como resultado, houver rejeição do enunciado, não basta que a pessoa nos fale acerca de seu sentimento de convicção, no que se refere às suas percepções. O que essa pessoa deve fazer é formular uma asserção que contradiga a nossa, fornecendo-nos indicações para submetê-la a prova. Se ela deixa de agir assim, só nos resta pedir-lhe que faça novo e mais cuidadoso exame de nosso experimento, e que reflita mais demoradamente"
Já foi argumentado acima que a psicanálise segue estes critérios, o exemplo de apresentar resultados em palestras e círculos de especialistas corroboram com a definição de Popper do que seja válido como cientifico. E leia bem, os resultados devem ser apresentados perante todos que CONHEÇAM a técnica e que possam submeter à prova. Se ler tudo acima vai ver que falei dos pontos citados por você.
Eu li tudinho, Anônimo, não costumo me precipitar. E apontei o problema: a prova feita é puramente argumentativa. Porque se algo funciona na terapia, por exemplo, é porque a técnica está certa, mas se o paciente passa anos na terapia sem melhora, é porque ele ainda não está pronto e está resistindo.
ResponderExcluirA questão é que o que você usa como argumentação para validar a psicanálise é justamente o que estou apontando como problema.
Só penso que não podemos perder de vista o critério de verdade empregado pelo behaviorismo radical de Skinner, o pragmatismo. Muitas críticas à psicanálise dizendo que cada interpretação do analista difere uma da outra também se aplicam ao behaviorismo.
ResponderExcluirO fato é que os analistas do comportamento provam aquilo que estão dizendo ao manipular as variáveis e observando o seu efeito, ou seja, na prática (tanto no sentido de aplicação quanto aristotélico). O critério empregado pela psicanálise eu já não sei, mas me parece razoável apontar que ambas as linhas se valem muito da interpretação.
Beheco,
ResponderExcluirSe você leu tudo e entendeu que a psicanálise é objetiva no ponto que eu mencionei, sabe que ela não é arbitrária. A interpretação objetiva da transferência destaca e evidencia o sentido latente existente nas palavras ou no comportamento do analisando. Neste ponto, mesmo sendo argumentativa não existe problema cientifico. Suponho que, nas minhas arguições anteriores relatei, amparado em Popper, que a psicanálise é capaz de dar provas. Prova argumentativa não é sinônimo de "falso" e a experimentação empírica não é sinônimo de "verdade", principalmente quando falamos da individualidade humana. O ponto que eu coloco é a ciência como falseável, e eu frisei onde a psicanálise é falseável.
O critério de objetividade aceito por Skinner, não é um critério que remete a ideia de um sujeito imparcial/neutro na percepção dos dados empíricos, visto que esse sujeito tem a sua percepção contingente a uma história particular, com três níveis de determinação (filogenética, ontogenética e cultural). Trata-se aqui da ideia de objetividade garantida pela crítica intersubjetiva, onde os dados devem ser compartilhados e esses devem predominar sobre a teoria. Quando teoria e dados caminham em direções opostas, os ultimos devem prevalecer em detrimento dos primeiros.
ResponderExcluirQuestões:
Na psicanálise, em que medida os dados são compartilhados? Esses dados são provenientes exclusivamente da clínica?
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O critério de validade da análise do comportamento é pragmático. O behaviorismo radical é uma linguagem (e como tal não é falseável) que deve sobreviver a medida que produz os resultados previstos, a saber: descrever, explicar, prever e controlar.
Questão:
Qual é o critério de validade da prática do psicanalista?
Qual o objetivo da psicanalise e como saber que não está sendo bem sucedido?
Fábio Matos e Beheco falaram tudo! o/
ResponderExcluir"A interpretação objetiva da transferência destaca e evidencia o sentido latente existente nas palavras ou no comportamento do analisando."
ResponderExcluirEssa parte da psicanálise é legal, e é muito semelhante à análise do comportamento, assim como a Rogers, Maslow, etc. Mas não serve pra defender uma fala do Nasio por exemplo, de colocar o medo da castração como sendo originada da visão do menino da falta de pênis na menina. O problema é essa metapsicologia devaneante que serve como quadro de interpretação a priori, que leva psicanalistas Kleinianos, por exemplo, a todo tipo de interpretação selvagem como derivação de um modus operandi da própria psicanálise. A verdade, é que a única psicanálise que faz sentido é a esquizoanálise, porque é a psicanálise elevada ao seu absurdo, a psicanálise que vê Freud, Jung, Adler, Ferenczi, Lacan, Alexander, Klein, Bion, Winnicott e pensa, opa, peraí, diante de tantas interpretações diferentes, não dá pra ter um quadro referencial a priori, são todos "tons da cultura", nas palavras de Freud citadas anteriormente. E quando a esquizoanálise se livrar da herança francesa do palavrório desnecessário, talvez aí seja construído algo realmente interessante a partir da psicanálise. Mas por enquanto só temos livros complicados e páginas e páginas de associação livre em cima de algumas poucas idéias boas.
Acho que se estamos nos ocupando de criticar a psicanálise (criticar aqui no sentido de discutir sobre), é porque é consenso que há coisas boas na psicanálise. Até porque muitas idéias de Skinner veem da leitura de Freud, e muitas idéias da análise do comportamento enquanto terapia vieram da pesquisa psicanalítica. Mas que é uma pena que os próprios psicanalistas não consigam enxergar os defeitos de sua própria abordagem para que possam fazer florescer algo de mais exuberante.
(é claro que esses "os psicanalistas" é só um ´grande outro´ aí usado para resumir a argumentação, claro que tem psicanalista de todo tipo)
ResponderExcluir"O critério de validade da análise do comportamento é pragmático. O behaviorismo radical é uma linguagem (e como tal não é falseável) que deve sobreviver a medida que produz os resultados previstos, a saber: descrever, explicar, prever e controlar."
ResponderExcluirAlgumas colocações, que resolvi fazer.O fato do behaviorismo ser pragmático não exclui, necessariamente, o critério de falseabilidade de Popper, pelo contrário, imagino que para , prever no sentido científico do termo seja necessária a idéia de falseabilidade.(Prever em ciência é prever as consequências de uma teoria ou tese.Assim a história seria científica, na medida que produz teses sobre o passado sobre os quais podemos prever conseqüencias no presente, como o teste do carbono 14 para teses relacionadas a idade de um documento por exemplo.)
Sem adentrar nessa questão ainda, gostaria de colocar que discordo plenamente quando se diz que o Behaviorismo é uma linguagem, simplesmente.O behaviorismo é uma filosofia que fala sobre a análise do comportamento, ou seja, algo que fala sobre questões epistemológicas, éticas ou de qualquer outra natureza filosófica, e ,portanto, envolve uma reflexão ao invés de mero apresentação de uma linguagem.
A sobrevivência de teorias comportamentais advém justamente da falseabilidade.Ela é um modo de selecionismo para teorias.Teorias que não resistem ao teste de falseabidade são descartadas, enquanto outras se mantém.
"O fato do behaviorismo ser pragmático não exclui, necessariamente, o critério de falseabilidade de Popper, pelo contrário, imagino que para , prever no sentido científico do termo seja necessária a idéia de falseabilidade.(Prever em ciência é prever as consequências de uma teoria ou tese.Assim a história seria científica, na medida que produz teses sobre o passado sobre os quais podemos prever conseqüencias no presente, como o teste do carbono 14 para teses relacionadas a idade de um documento por exemplo."
ResponderExcluirConcordo. Mas quando me referi a impossibilidade de se falsear o behaviorismo radical é pq esse não trata de eventos particulares, mas sim de classes de eventos teóricos. O que você pode falsear é a previsão de um dado evento ocorrer como descrito por alguma teoria. Por exemplo: podemos hipotetizar, a priori, que o aumento da frequência de uma resposta X no contexto Y é causado por uma consequência W, identificando W como sendo o estímulo reforçador, como proposto pelo br (já que o reforço é o evento responsável pelo aumento da frequência - para os eventos que ocorreram - e da probabilidade - inferência teórica relativo aos eventos que podem vir a ocorrer). Porém, a posteriori, percebemos que W para de ocorrer por um tempo suficiente para colocar as respostasem extinção, caso fosse o Sr, e identificamos uma consequeência Z como sendo o Sr após algumas manipulações experimentais. A lei do reforço foi falseada? Não, pois esse é um conceito descritivo. O que foi falseado? A meu ver, foi a hipótese relativa ao evento W ser o Sr para a resposta X que ocorria no contexto Y. Assim, o br, enquanto uma linguagem/ferramenta, não seria falseado, mas as consequências testaveis que decorrem da sua utilização para a interpretação de eventos pontuais sim. Se a consequência testavel vai de encontro à interpretação do evento não quer dizer que o br é inválido ou errado, mas que a análise funcional ou de contingências foi mal feita.
"Sem adentrar nessa questão ainda, gostaria de colocar que discordo plenamente quando se diz que o Behaviorismo é uma linguagem, simplesmente.O behaviorismo é uma filosofia que fala sobre a análise do comportamento, ou seja, algo que fala sobre questões epistemológicas, éticas ou de qualquer outra natureza filosófica, e ,portanto, envolve uma reflexão ao invés de mero apresentação de uma linguagem."
Concordo, mas não vejo em que ser "uma filosofia que fala sobre a análise do comportamento, ou seja, algo que fala sobre questões epistemológicas, éticas ou de qualquer outra natureza filosófica" é incompatível com ser uma linguagem. O br é uma ferramenta que orienta a conduta do cientista. É uma das formas de se entender relações ordenadas no mundo. E é uma linguagem ou ferramenta contingente a história dos analistas do comportamento, que tem sobrevivido por suas consequências. (e espero que essas consequências sejam tecnológicas/naturais em vez de cerimoniais/arbitrárias).
Leiam a tese do Dittrich, que fala sobre metafísica e método. Para ele, o Behaviorismo Radical é um repertório verbal derivado de um contato específico com as contingências, o que constitui um metafísica. Essa metafísica por sua vez tem retroage sobre o método, construindo regras para a ação.
ResponderExcluirA diferença entre psicanálise e behaviorismo radical esta nesse ponto. Enquanto o behaviorismo se baseia em dados controlados para fazer suas extrapolações e interpretações, a psicanálise se utiliza de dados não tão controlados (a experiência analítica) e permite especulações ao nível puramente do repertório verbal. Então, o que divide as duas são os críterios (regras) utilizadas para definir quais serão as contingências que devem controlar o comportamento de cada teórico na elaboração de sua ciência. Behaviorismo é Laboratório -> Teoria -> Laboratório. Psicanálise é: Clínica -> Teoria -> Teoria. Enquanto o behaviorismo radical parte do laboratório para criar uma teoria que é na verdade um programa para novas pesquisas, a psicanálise parte da clínica freudiana para a elaboração de uma teoria que busca apenas consistência interna.
Paulo
ResponderExcluirOlá. Sou acadêmico do 1º período de psicologia e gostaria de saber se o Behaviorismo é considerado de fato uma ciência. Muitos consideram a psicanalise como não cientifica, e o behaviorismo sendo cientifico, em outros livros é descrito como filosofia do comportamento. Afinal, é uma ciência ou o que? E sendo uma ciência, não seria utópico e pretensioso elevar o behaviorismo a este status visto que seu objeto, o homem, nunca é de fato testado pois as pesquisas trabalham generalizando comportamentos de animais que não se parecem em nado com os homens?
Grato a quem responder.
metamorfosepensante: Pois é. É como um químico ser obrigado a assistir aulas de Alquimia.
ResponderExcluirAnônimo [18]: "Sob qualquer ponto de Popper, a psicanálise estará condenada. É muito fácil se esconder atrás dos argumentos de Popper, nesse prisma toda arguição à favor da psicanálise é inválida e ela nunca será considerada uma ciência. "
Não utilizei o argumento de Popper, apenas o mencionei para descrever o método psicanalítico como diferente do dele. E não estou nem um pouco preocupado se ela pode ser considerada ciência ou não. Parto sob qualquer critério de produção de conhecimento que quiser.
"Se invertermos as coisas e irmos ao encontro da crítica de Bachelard e ao encontro da Nova ciência, a qual considera o caos, a incerteza e a subjetividade, fatores relevantes para que se pense o objeto científico, então, a psicanálise é uma das ciências das mais atualizadas."
Popper considerava tudo isso. Aliás, mais que qualquer outro, já que era adepto do indeterminismo. Leia um livro dele chamado "O universo aberto – argumentos a favor do indeterminismo ".
Mas tem dois problemas mais sérios em seu ponto:
1- mesmo considerando subjetividade e incerteza, isso ainda não valida a Psicanálise. Se estou incorreto, me demonstre como valida.
2- Freud rejeitava peremptoriamente essa idéia de caos e indeterminismo e toda a Psicanálise foi construída baseada no pressuposto OPOSTO.
No mais, a réplica a Popper não pode atingir meu ponto porque, novamente, não utilizo dos argumentos dele. Em alguns pontos tem similaridades, mas se quer refutar o que digo recomendo que cite a mim mesmo e refute.
Quando comenta algo similar a meu ponto, diz:
" Mesmo sendo resultado de subjetividades, a compreensão é um dado OBJETIVO.A criação através da interpretação psicanalítica não tem como ser arbitrária. A liberdade de criar que tem o analista limita-se pelo limite da objetividade."
Mesmo se partirem de um dado objetivo (o que é bem questionável, mas não preciso entrar nesse mérito) isso não quer dizer muito e o que procurei apontar vai justamente neste sentido.
Eu posso ter um dado objetivo, p.ex, "as coisas caem" mas, ao invés de falar de gravidade, eu dizer que as coisas caem porque pequenas fadas invisíveis, que estão por toda parte, levam as coisas até o chão. Posso até calcular a velocidade com que a fadas fazem isso (9,8m/s) e conjecturar ad infinitum sobre o tamanho das fadas; quantas fadas são necessárias para derrubar uma maçã; com base na velocidade da queda dos objetos, qual a força de cada fada; qual é o comprimento da asa delas, para conseguir fazê-las voar; etc
Tudo isso "limitado" por um dado objetivo. Se eu não tenho critério para podar a especulação sobre coisas INFERIDAS, invisíveis e indetectáveis, mesmo que a partir de uma observação, acontece isso.
É o que acontece com a Psicanálise.
"O ponto que eu coloco é a ciência como falseável, e eu frisei onde a psicanálise é falseável"
Não colocou, como acredito ter apontado acima, e mais: submeter idéias à aprovação ou não de seus pares não quer dizer muito, da mesma forma que, no meu exemplo das fadas, posso ter minha comunidade de "estudos féericos", apresentar minhas considerações sobre o hálito das fadas e ser rejeitado ou aceito pela minha comunidade, especializada naquilo.
Continua sendo invencionice. Continua sendo bobagem sem fim. Continua sendo uma longa construção de um castelo imaginário, tijolo a tijolo, mesmo que com cuidados arquitetônicos e coerente com nosso conhecimento de engenharia.
No mais, o Beheco Catânico, Fábio e Pedro, comentaram bem pontos adjacentes a estes e também outros pontos.
O último comentário antes do meu veio enquanto digitava este. Responderei a seguir.
ResponderExcluirAnônimo [Paulo]: "se o Behaviorismo é considerado de fato uma ciência. "
ResponderExcluirO behaviorismo radical é uma filosofia que fundamenta uma ciência, chamada Análise do Comportamento, que por sua vez é uma proposta de estudo científico do comportamento humano.
Para muitos, portanto, o behaviorismo radical é uma filosofia da ciência.
Se é considerado científico, depende por quem. Tende a ser, mas encontrará críticos que dirão que não. Isso não é exclusividade da Análise do Comportamento. Acredito, no entanto, que estas críticas seja infundadas.
" E sendo uma ciência, não seria utópico e pretensioso elevar o behaviorismo a este status visto que seu objeto, o homem, nunca é de fato testado pois as pesquisas trabalham generalizando comportamentos de animais que não se parecem em nado com os homens?"
A Análise do Comportamento faz muitas, muitas pesquisas com seres humanos. Os seus princípios surgiram de experiências com outros animais, mas já foram testados também com seres humanos.
O que justifica um behaviorista radical realizar experimentos com animais não-humanos é a crença de que não há uma ruptura abrupta entre o ser humano e os demais animais (ou seja, a seleção natural), de modo que, embora não sejamos de modo algum idênticos aos demais animais, os princípios básicos que controlam o comportamento, tanto do ser humano quanto dos demais animais, é o mesmo.
Então, da mesma forma que um fisiologista poderia demonstrar os princípios básicos do funcionamento do organismo humano através da dissecação de outro animal – demonstrando os músculos lisos, a medula espinhal, as conseqüências de um dano ao córtex, o funcionamento de órgãos internos, etc – um analista do comportamento poderia demonstrar os princípios básicos do comportamento humano através de experimentos com ratos.
Em nenhum dos casos, tanto do fisiologista quanto do analista do comportamento, acredita-se que o ser humano seja idêntico aos demais animais, mas que tenha um funcionamento básico similar. As diferenças teriam de ser devidamente consideradas, da mesma forma que um fisiologista provavelmente não seria prudente ao ensinar o funcionamento do cérebro humano a partir do de uma rã, um analista do comportamento tem de fazer muitas considerações a respeito de características especificamente humanas e levá-las em consideração em sua análise. Como aponta Skinner, “dizer que o comportamento nada mais é do que uma resposta a estímulos constitui uma ultra-simplificação. Dizer que as pessoas são exatamente como os ratos ou os pombos é uma ingenuidade.” (SKINNER, 1974/2006, p.195)
Espero ter respondido. Se não, continue perguntando e criticando.
Rufus
ResponderExcluir"Continua sendo invencionice. Continua sendo bobagem sem fim. Continua sendo uma longa construção de um castelo imaginário, tijolo a tijolo, mesmo que com cuidados arquitetônicos e coerente com nosso conhecimento de engenharia."
Os dados foram colocados de acordo com os argumentos de Popper, mostrando, inclusive, citações do que o mesmo escreveu. Você quer que a psicanálise siga qual modelo científico para deixar de ser "invencionice"? A meu ver nenhum argumento será válido a tão fervorosa rejeição ao método psicanalítico. Quanto às colocações do método, sugiro que leia antes Bachelard, e leia também Popper para ver que o mesmo nada sabia de psicanálise. Se você considera invencionice a teoria psicanalítica, você se baseia em que? Preciso saber em quais parâmetros científicos você afirma. Se for questão pessoal também posso afirmar que o Behaviorismo é invencionice pois na minha cabeça qualquer comportamento humano parte apenas de processos mentais.
Paulo
ResponderExcluirEntendi Pedro, mas mesmo assim achei (por enquanto) insuficiente as explicações. Concordo que em um nível instintivo, muito elementar, os comportamentos de animais sejam "parecidos " aos do homem. No entanto, ainda acho totalmente inviável generalizar comportamentos mais, digamos, inteligentes pelo simples fato do homem ter um gênio muito superior e muito imprevisível. Do lado da psicanálise vejo que a coisa piora pois a meu ver é tudo coisa inventada mesmo, sem critérios científicos, mas isso ainda é uma opinião superficial pois não vi muita coisa. Agora um dúvida, seguindo esses Comentários de falseabilidade acima, a teoria behaviorista também não me parece ser falseável pois ela é sempre correta, se algo pode ser falseável é apenas sua conclusão sobre determinado comportamento, mas o esquema nunca pode ser questionado. Se um cpto X, por exemplo, é reforçado por Y e depois se descobre que isso está errado o que se conclui é que o analista usou a teoria de forma errada pois ela (a teoria) está acima de qualquer suspeita. Neste ponto o behaviorismo não se parece com a psicanálise e seus constructos irrefutáveis?
Grato pelas explicações.
Rufus: "Se você considera invencionice a teoria psicanalítica, você se baseia em que?"
ResponderExcluirÉ o que procurei justamente arguir no texto e nos comentários.
E vc não respondeu nada do que apontei (no texto e nos comentários).
Paulo: "No entanto, ainda acho totalmente inviável generalizar comportamentos mais, digamos, inteligentes pelo simples fato do homem ter um gênio muito superior e muito imprevisível."
Como disse, os princípios BÁSICOS que regem tanto as ações humanas quanto as dos demais animais, são os mesmos. Isso é muito, muito bem evidenciado e estabelecido. Não sei se é disso que vc discorda, mas se discorda, carece trazer argumentos e evidências que estes princípios não são os mesmos.
Você está absolutamente correto em sua colocação, mas a Análise do Comportamento não discorda de vc. Como disse, as diferenças tem de ser consideradas e pesquisas com seres humanos tem de ser realizadas.
Um experimentador que transpõe de maneira direta seus resultados obtidos com animais não-humanos para seres humanos estaria sendo, na melhor das hipóteses, imprudente. Se isso de fato está ocorrendo em experimentos conduzidos por analistas do comportamento, diz respeito a uma falha epistemológica e metodológica do EXPERIMENTADOR, não da Análise do Comportamento, que NÃO dá respaldo para isso.
"Se um cpto X, por exemplo, é reforçado por Y e depois se descobre que isso está errado o que se conclui é que o analista usou a teoria de forma errada pois ela (a teoria) está acima de qualquer suspeita. Neste ponto o behaviorismo não se parece com a psicanálise e seus constructos irrefutáveis?"
Essa é uma incompreensão comum. Se o "reforço" ou "punição" fossem teorias, vc estaria correto, e seriam tautologias. Mas "reforço" e "punição" são apenas conceitos: é simplesmente o nome que se dá a qualquer consequência que altere a probabilidade de ocorrência de comportamentos similares em contextos similares ("reforço" é aumenta, "punição" diminui).
São, necessariamente, definições A POSTERIORI. Nada é reforçador EM SÍ ou punitivo EM SÍ.
http://www.youtube.com/watch?v=6EMGxikp5VY
ResponderExcluirComo explicar isso?
;p
Então Fábio,nem tudo na análise do comportamento não é falseávl, inclusive a de se pensar se essa lei do reforço não inclui outros elementos que não foram considerados, como por exemplo os esquemas de reforço, que me parecem claramente falseáveis.Um esquema x tende a criar uma curva de aprendagem y e ser mais resistente que outro esquema de reforço z.Se o esquema x não criar a curva y, isso que surgiu como tese, é falseada.Outro exemplo é o a lei do equilíbrio e outras leis relacionadas aos reforços.
ResponderExcluirNeguei que o behaviorismo seja apenas uma linguagem, ou que filosofia seja igual a linguagem pura, pois filosofia envolve reflexão enquanto linguagem se resume a um conjunto de sígnos e regras instituídas para expressar uma determinada idéia.Em termos comportamentais, é um conjunto de práticas culturais instituídas que não são atos de raciocínio, mas padrões verbais.Inclusive, nem tudo na filosofia está ligado apenas a linguagem, por exemplo, o wittgenstein coloca alguns desenhos para auxiliar a explicar seu raciocínio.
abraços
Pedro Siqueira, precisamos diferenciar behaviorismo radial de análise experimental do comportamento. O primeiro se refere a filosofia da ciência e como tal não trabalha com dado empírico. A segunda é a ciência que estuda o comportamento e , esta sim, lida com dados empíricos.
ResponderExcluirO exemplo que você dá (Um esquema x tende a criar uma curva de aprendagem y e ser mais resistente que outro esquema de reforço z.Se o esquema x não criar a curva y, isso que surgiu como tese, é falseada.) se refere a uma hipótese testável empiricamente, não ao arcabouço teórico abrangido pela filosofia do behaviorismo radical. Você não falseia conceitos, classe de eventos teóricos, mas sim eventos empíricos.
Em relação a leis. Leis são regras que descrevem eventos que ocorrem com regularidade. Lançamos mão de uma metafísica ao aceitar que elas sempre ocorreram e sempre ocorrerão assim (lógica indutiva), sendo que a experiência me diz apenas que ela tem ocorrido assim em um espaço de tempo relativamente curto que abrange a experiência humana. Basta que um evento se suceda em oposição ao que a lei descreve para que a mesma deixe de ser uma lei. Sendo assim, se um corpo cair a uma aceleração diferente de 9,8m/s² nas condições ideais como descrita na lei da gravidade, a mesma deixa de ser uma lei.
Quanto à linguagem, utilizo o conceito de Dewey ao afirmar que o Behaviorismo Radical é uma linguagem. Para Dewey, linguagem é um instrumento que nos auxilia a resolver problemas a atuar de modo mais efetivo no mundo. Esses pontos que você descreveu como sendo parte da filosofia são consonantes com a ideia de linguagem com a qual eu me afino.
Eu não entendi porque o behaviorismo radical (entendido como linguagem) não pode ser falseável, haja vista o fato de ser comportamento verbal estando, no limite, submetido as mesmas regras da lei do reforço. É no sentido de ser uma indução não comprovada empiricamente que você afirma isso?
ResponderExcluirAcho que vai ficar mais fácil se você conseguir me dar um exemplo em que o br é falseável.
ResponderExcluirAnônimo,
ResponderExcluirO br não é falseavel pq ele se refere a classe de eventos teóricos, não a eventos específicos. Classes de eventos teóricos são abstrações feitas acerca de como os fenômenos epecíficos ocorrem ou se relacionam no mundo da experiência. Pode ser que ao identificar os elementos da relação a priori (hipotética) você descubra, a posteriori, que essa relação é falsa. O problema é que os conceitos do br se referem aos seus efeitos, ou seja, são dados apenas depois que o evento é constatado. Sendo assim eles só podem ser 'verdadeiros', no sentido em que se refere a um efeito empírico que é o aumento ou redução da frequência de uma dado evento. Quando passamos a fazer inferências sobre a probabilidade de que um dado evento ocorra no futuro, lançamos mão da lógica indutiva para dizer que ele tem uma chance X de ocorrer novamente como ocorreu no passado. Resumindo, você falsea eventos constatados pela experiência e não conceitos.
Pessoalmente eu prefiro utilizar o conceito de adequação empírica de van fraassen do que esse de falseabilidade de popper. O primeiro, por ser um pragmatísta, não se compromete com um realismo como o segundo. Abstem-se o juizo acerca da verdade das teorias (carater ontológico) e ficamos com suas consequências testáveis como um medidor de qualidade das mesmas. Até porque não temos critérios para dizer em que ponto aquilo que a teoria descreve de como o mundo é corresponde ao mundo de fato, já que nossa própria percepção é contingente a teoria.
"Eu não entendi porque o behaviorismo radical (entendido como linguagem) não pode ser falseável, haja vista o fato de ser comportamento verbal estando, no limite, submetido as mesmas regras da lei do reforço."
Gostaria que vc desse um exemplo disso ai que vc falou. Como vc faria para realizar um experimento em que o br seria falseado?
Essa história de que o valor da psicanálise é apenas histórico é uma das maiores bobagens que eu já ouvi na minha vida! Em primeiro lugar o pensamento, em minha opinião, deve ser plural. O homem deve ter o direito de pensar a partir de diferentes pontos de vista, sob diversas perspectivas, deve poder ver o mundo e pensar o psíquico através de várias lentes. Abaixo a ditadura da mono-idéia! Em segundo lugar, a psicanálise nunca se intitulou uma ciência, nunca pretendeu sê-lo. Diga-me onde Freud ou Lacan conectou o adjetivo cientifíca à psicanálise? Com certeza você não saberá dizer!Seu método, portanto, não é um método científico! Eu defendo a existência do behaviorismo, e de qualquer outra linha da psicologia, exatamente como defendo a da psicanálise. Diga-se de passagem, em minha humilde opinião, o behaviorismo e a psicanálise são as duas teorias mais consistentes da psicologia. O conceito de inconsciente, meu amigo, promoveu uma ruptura na noção de sujeito no campo filosófico, você que diz gostar tanto de filosofia...E isso não é pouca coisa! Que outra disciplina, fora a psicanálise, dialogou com a filosofia, mesmo se para receber críticas? (Sartre, Althusser, Foucault, Derrida, Barthes, Lyotard, Jean-Luc Nancy, Milner, Regnault)E você acha que esses pensadores perderam tempo com uma teoria idiota? Vai ver que eles são idiotas também não é? Tudo isso para não falar da potência clínica da psicanálise, mas vou para por aqui. Estou esperando para ler sua monografia, deve ser bem mais interessante que Foucault!
ResponderExcluir"Gostaria que vc desse um exemplo disso ai que vc falou. Como vc faria para realizar um experimento em que o br seria falseado?"
ResponderExcluirNão consigo conceber aqui um experimento de falseamento, visto que iniciei o curso de psicologia este ano. Não obstante, penso que o behaviorismo radical pode ser falseado a medida que é comportamento, como qualquer outro. Ao argumentar que ele faz abstrações e que não há a possibilidade de falsear conceitos, tenho a impressão de que você está blindando a teoria como se ela fosse a expressão de uma verdade, quase tratando a filosofia de Skinner como mentalismo.
A linguagem não é expressão de algo, é comportamento. Skinner, corrija-me se eu esiver enganado, inclusive submeteu a lógica ao comportamento verbal, neste sentido o BR é tão falseável quanto os princípios da AEC, pois simplesmente são a mesma coisa: comportamento.
Estando correta a minha hipótese, falseando princípios experimentais, falseia-se o behaviorismo radical inteiro, pois ele nada mais é que um salto interpretativo do anterior. Skinner não pretendeu ferir as relações comportamentais ao construir sua filosofia, se ele foi bem sucedido acho que minha argumentação é válida.
Anônimo: " Em primeiro lugar o pensamento, em minha opinião, deve ser plural."
ResponderExcluirJá respondi isso nos comentários, mais acima.
"Em segundo lugar, a psicanálise nunca se intitulou uma ciência, nunca pretendeu sê-lo. Diga-me onde Freud ou Lacan conectou o adjetivo cientifíca à psicanálise? Com certeza você não saberá dizer!Seu método, portanto, não é um método científico!"
Em minha monografia eu utilizo apenas 21 citações literais das obras de Freud onde ele abertamente defende a ciência e fala que a psicanálise é uma proposta científica, mais, de ciência natural, e jamais poderia deixar de sê-lo. Utilizo "apenas" 21, porque no livro pretendo colocar 36 das melhores, todas muito explícitas.
Vc certamente nunca leu Freud para falar uma sandice dessas. Ele fala isso em quase todos seus livros e artigos.
Só alguns exemplos pra não dar SPOILER demais da monografia:
“Sendo esta a natureza da Weltanschauung, torna-se fácil a resposta, no que respeita à psicanálise. Na qualidade de ciência especializada, ramo da psicologia – psicologia profunda ou psicologia do inconsciente -, ela é praticamente incapaz de construir por si mesma uma Weltanschauung: tem de aceitar uma Weltanschauung científica.” (IBID, p.194)
“A psicanálise tem um direito especial de falar de uma Weltanschauung científica nesse ponto, de vez que não pode ser acusada de ter negligenciado aquilo que é mental no quadro do universo. Sua contribuição à ciência consiste justamente em ter estendido a pesquisa à área mental. E, aliás, sem tal psicologia, a ciência estaria muito incompleta. Se, no entanto, as investigações das funções intelectuais e emocionais do homem (e do animal) é incluída na ciência, então se verá que nada é modificado na atitude da ciência como um todo, que nenhuma nova fonte de conhecimento ou novo método de pesquisa resultou daí. “ (IBID, p.194-195)
“Senhoras e senhores: permitam-me que, para concluir, eu resuma o que tinha a dizer sobre a relação da psicanálise com a questão de uma Weltanschauung. Em minha opinião, a psicanálise é incapaz de criar uma Weltanschauung por si mesma. A psicanálise não precisa de uma Weltanschauung; faz parte da ciência e pode aderir à Weltanschauung científica." (ibid, p.220)
FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Volume XXII. Imago Editora Ltda, Rio de Janeiro, 1976
Para mais, aguarde meu livro.
"E você acha que esses pensadores perderam tempo com uma teoria idiota?"
Não que comentários como estes (e o próximo que vou citar abaixo tb) necessitem de resposta (por serem falácias da pior qualidade), mas veja, eu tb estou aqui "perdendo meu tempo" com a psicanálise.
"Tudo isso para não falar da potência clínica da psicanálise, mas vou para por aqui. "
Leia a Parte 2: http://pedro-sampaio.blogspot.com/2011/09/por-que-nao-sou-um-psicanalista-parte-2.html
"Estou esperando para ler sua monografia, deve ser bem mais interessante que Foucault!"
Olha, eu acho mais interessante mesmo. Mas deixarei vc emitir sua própria opinião acerca dela.
Que mania do povo achar que "inconsciente" é uma "descoberta" de Freud. O inconsciente Freudiano já estava presente em Schopenhauer e Nietzsche. E olha que pra mim o inconsciente freudiano foi um retrocesso em relação ao pensamento desses dois filósofos.
ResponderExcluirWundt tambou falou de inconsciente em seus primeiros projetos, mas abandonou o conceito por concluir que se tratava de metafísica.
ResponderExcluirisso, parece mais uma briga de foice no escuro!!
ResponderExcluiro q importa realmente é que o paciente ou cliente como queira , alcance via terapia uma qualidade de vida melhor!
Ah, a competência do psicoterapeuta não se define por gênero, masculino ou feminino.
Muito me estranha alguém que queira começar uma discussão, ainda mais dita embasada em pressupostos teóricos e científicos começar uma exposição através de uma negativa como a sua: "Por que não sou um psicanalista". Você poderia ter começado, por exemplo, por "Porque eu escolhi tal concepção de homem". Um blog é uma página pessoal, mas quando se está em um meio eletrônico em que qualquer pessoa possa acessar passe-se do privado para o público. Entendo que você quis expôr o seu ponto de vista, expôr aquilo que você buscou, testou e que faz sentido para você. E é este ponto que o seu discurso se perde: o ser humano além do famoso "biopsicossocial" é político também. Política envolve também defesa daquilo que faz sentido, para cada pessoa, além do que utilizar artifícios para esta defesa. Pesquisas, testes e experiências servem para esta defesa, mas parte do pressuposto daquilo que você acredita.... e como tal, podem ser manipuladas para que, de uma certa maneira, favorecer aquilo que lutamos para difundir como verdade. Qualquer abordagem que escolhemos está conectada com aquilo que acreditamos, seja no behaviorismo, na psicanálise, no humanismo....É maravilhoso quando encontramos aquilo que estávamos procurando... quando uma determinada abordagem não foi capaz de sanar nossas dúvidas, nossos pontos de incerteza! Mas fazer disso uma bandeira e falar que os outros estão errados, fere a liberdade de pensamento dos outros.
ResponderExcluirÉ claro! Somos seres políticos também! Queremos vender nosso peixe! Vejo que seu discurso está encaixado nisso... Spoiler de monografia? Quem sabe não vire um livro!
A diferença está em expôr aqui seu ponto de vista e perceber o tanto que está em jogo, nas relações de poder e de ego dessas abordagens.
Siga o que você acredita e ajude os pobres estudantes de psicologia que se veem às voltas com a escolha de abordagem. Como muitos já falaram aqui, eles sentiram-se tocados com seu discurso e com certeza vai fazer com que eles consigam escolher sua concepção de homem. Mas, começar com uma negativa como falei anteriormente, no meu ponto de vista, não difere-se muito do que alguns líderes tentaram fazer antes na história da humanidade.
Anônimo: "o q importa realmente é que o paciente ou cliente como queira , alcance via terapia uma qualidade de vida melhor!"
ResponderExcluirIsso também faz parte de minhas críticas à Psicanálise, como abordo na Parte 2:
http://pedro-sampaio.blogspot.com/2011/09/por-que-nao-sou-um-psicanalista-parte-2.html
Marcela: "Muito me estranha alguém que queira começar uma discussão, ainda mais dita embasada em pressupostos teóricos e científicos começar uma exposição através de uma negativa como a sua: "Por que não sou um psicanalista"."
Não vejo problema. Criticar teorias é algo tão importante quanto propor novas soluções.
Isso é um dos elementos principais da comunidade científica, o fato dela procurar ser autocorretiva, de modo que há mérito tanto para quem descobre algo, quanto para quem aponta problemas numa proposta.
"Você poderia ter começado, por exemplo, por "Porque eu escolhi tal concepção de homem". "
Se meu objetivo no texto fosse falar a respeito da minha concepção de homem, seria esse o título. Mas não é. É tão somente apontar alguns problemas da abordagem psicanalítica. Se discorda que sejam problemas, se acha que estou apenas analisando sob minha "visão de homem", me aponte.
Vou deixar as coisas mais fáceis e claras para vc refutar: afirmo categoricamente que, sob qualquer "visão de homem", minhas críticas à Psicanálise são pertinentes e não há visão de homem que sustente os problemas que aponto.
Agora pode apontar por que estou equivocado.
"E é este ponto que o seu discurso se perde: o ser humano além do famoso "biopsicossocial" é político também. "
Não vejo por que isso faz meu discurso "se perder". Poderia ser mais clara em como isso implica que minhas críticas não sejam pertinentes?
"Mas fazer disso uma bandeira e falar que os outros estão errados, fere a liberdade de pensamento dos outros."
Isso está incorreto. Estou criticando uma idéia e criticar idéias não é ferir liberdade de pensamento de ninguem. As pessoas podem acreditar no que quiserem, mas tenho todo o direito de criticar suas idéias. Essa demagogia disfarçada de discurso filosófico não faz o menor sentido. Idéias não podem ser blindadas, devem ser incessantemente criticadas e o perigo seria o contrário, fazer de nossas teorias dogmas. Se minhas críticas não são pertinentes, me aponte.
"É claro! Somos seres políticos também! Queremos vender nosso peixe! Vejo que seu discurso está encaixado nisso... "
Sim, e daí? Como isso implica em demérito na minha crítica.
O que está utilizando é uma falácia ad hominem:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ad_hominem
Ou seja, que por eu ter determinadas convicções e deendê-las, meu argumento é supostamente menos válido. Isso é um erro lógico primário. Se o argumento tem problemas, aponte o problema no argumento, não se dirija ao interlocutor.
"A diferença está em expôr aqui seu ponto de vista e perceber o tanto que está em jogo, nas relações de poder e de ego dessas abordagens."
Estou ciente. Como isso altera a pertinência de minhas críticas?
"Mas, começar com uma negativa como falei anteriormente, no meu ponto de vista, não difere-se muito do que alguns líderes tentaram fazer antes na história da humanidade. "
Seja mais clara: que líderes? Por que não se difere? Qual a semelhança do meu ponto com o deles? Por que isso é ruim?
Não tinha reparado o quanto a discussão aqui rendeu. Quanto mais lia, mais comentários surgiam.
ResponderExcluirQueria comentar o post, mas não quero correr o risco de falar o que já foi falado. Enfim.
Também estou esperando a publicação da tua monografia.
Abraços,
jamile.
Obrigado, Jamile, por aparecer por aqui!
ResponderExcluirE não se preocupe em ser repetitiva, faça suas considerações sem constrangimentos.
Abraços
É interessante como todo seu texto, os comentários de quem te defendeu, e mesmo os de alguns que estão contra você, são imersos em um cientificismo preocupante. Acho que você deveria fazer uma opção urgente é pela Filosofia, para entender melhor o tamanho da discussão que é a concepção de homem; e como quanto mais se pergunta sobre isso, mais se descobrem problemas. O grande valor da psicanálise foi, pelo menos, dar a dignidade às pessoas de entenderem a si mesmas, e não um chato dizer o que é e o que não é.
ResponderExcluirVocê critica a psicanálise baseado em uma suposição de que é possível estabelecer uma ordem lógica para um humano, e isso é de uma pretensiosidade preocupante. Se isso fosse possível iríamos admitir que existe ser humano normal, e o comportamentalismo seria a tábua de salvação da humanidade.
O que se percebe neste momento de fim de faculdade/ escolher uma escola/ arrumar um emprego, é que boa parte dos estudantes desistem da psicanálise por perceberem que a mesma não é exata como a nossa ciência busca entender a tudo. Simplesmente é muito mais fácil lidar com uma teoria que se acha certa, e dizer que a proposta filosófica de entendimento do psiquismo (e quando digo filosófica me refiro à sua habilidade de não se achar pronta, e ser capaz de questionar seus maiores fundamentos) da psicanálise não é válida.
Filosofia não é vocação de ninguém. Ninguém sabe sabendo, e tem "é que" ler muito! E pelo seu texto, percebo que não leu os filósofos mais importantes da história, que travaram as discussões que seu cientificismo teima em deixar de lado, por conta de uma opção preguiçosa por uma teoria segura.
Abraço!
Anônimo de cima, você argumenta a favor da psicanálise, mas sem tê-la como referencial. A psicanálise tem sim pretensões científicas, e se baseia em quadros interpretativos a priori. Esses quadros interpretativos enquadram as pessoas em determinadas estruturas: neurótica (obsessivo, histérica) psicótica, perversa, como modelo interpretativo. Além disso, possui uma teoria a respeito da formação dessa estruturas e do funcionamento delas após sua formação.
ResponderExcluirTalvez você esteja confundindo psicanálise com a corrente fenomenológica-existencial. Muitas coisas que foram ditas aqui se enquadram mais na última do que na psicanálise freudiana/lacaniana.
Você ataca o "cientificismo". Isso é normal, existe uma tendência acadêmica atual para criticá-lo, e muitas vezes baseada em achados da própria ciência. O que acontece é que uma mudança de paradigma proposta pela própria ciência vem sendo utilizada de forma inadvertida para se opor à "ciência". Isso é um absurdo.
Infelizmente, mais e mais psicólogos estão se formando e optando por construções teóricas sem nenhum rigor, apenas porque essa é a moda acadêmica. Você fala de uma opção preguiçosa por uma teoria segura, mas acho que uma teoria sem rigor científico é que é uma teoria preguiçosa. Não se tem trabalho de testar hipóteses, não se tem o trabalho de colaborar com colegas, de discutir os casos. Apenas se lê textos e os aplica de acordo com a sua concepção pessoal.
Schopenhauer já dizia que não é bom ficar lendo demais para não atrofiar a sua própria capacidade de pensar por si. Filosofia é para ser lida na medida do necessário, para pensar melhor, e agir melhor.
Abraço.
Beheco
Desculpem a demora. Complementando o Beheco:
ResponderExcluir"É interessante como todo seu texto, os comentários de quem te defendeu, e mesmo os de alguns que estão contra você, são imersos em um cientificismo preocupante."
Leia: http://pedro-sampaio.blogspot.com/2011/07/ciencia-cientificismo-e-outros-ismos.html
" Acho que você deveria fazer uma opção urgente é pela Filosofia, para entender melhor o tamanho da discussão que é a concepção de homem;"
Não me considero leigo em Filosofia e estou ciente sobre discussões acerca das concepções de homem. Mas se tem algo que estou ignorando que seja relevante a meu ponto, por favor me aponte.
"Você critica a psicanálise baseado em uma suposição de que é possível estabelecer uma ordem lógica para um humano, e isso é de uma pretensiosidade preocupante. Se isso fosse possível iríamos admitir que existe ser humano normal, e o comportamentalismo seria a tábua de salvação da humanidade."
Como assim "estabelecer uma ordem lógica para o humano"? Mesmo que eu acredite entender o que quer dizer, sempre bom pedir para ser mais claro, para evitar que eu fique atacando espantalhos. E por que isso é preocupante?
Além disso, a um non sequitur,pois não vejo relação necessária entre a premissa e "existir um homem normal", coisa que inclusive a análise do comportamento rejeita e, baseado nisso, outro non sequitur ao dizer que a partir disso ela seria a tábua da salvação.
" boa parte dos estudantes desistem da psicanálise por perceberem que a mesma não é exata como a nossa ciência busca entender a tudo."
Parece-me que existem muitas outras razões pelas quais alguém pode decidir abandonar a psicanálise. Nenhuma das minhas, por exemplo, passa por aí.
"Simplesmente é muito mais fácil lidar com uma teoria que se acha certa, e dizer que a proposta filosófica de entendimento do psiquismo (e quando digo filosófica me refiro à sua habilidade de não se achar pronta, e ser capaz de questionar seus maiores fundamentos) da psicanálise não é válida."
Desconheço uma teoria que se ache "pronta" - na sua acepção do termo - mas acho que quanto mais distante da ciência, mais isso vai acontecer. Sua ilusão de que algum cientista ou teoria científica pressupõe certeza, controle absoluto ou "completude" é ignorância científica sua, não problema da ciência.
"Filosofia não é vocação de ninguém. Ninguém sabe sabendo, e tem "é que" ler muito! E pelo seu texto, percebo que não leu os filósofos mais importantes da história, que travaram as discussões que seu cientificismo teima em deixar de lado, por conta de uma opção preguiçosa por uma teoria segura."
Além disso ser uma falácia ad hominem (ataca o interlocutor, não o argumento), volta a repetir seu equívoco sobre ciência, sobre minha posição diante dela e, provavelmente, até sobre meu conhecimento ou não de Filosofia.
Repito: se tem algo relevante para meu argumento que estou ignorando, APONTE. De nada adianta esse "vc é bobo, feio e cara-de-mamão, então seu argumento é inválido!".
Abraços
acho q o autor foi repelido por alguma sociedade psicanalítica, teve uma namorada enamorada de Freud ou é um mero blefador... O fato é que a psicanálise não é tão acessível e a grande parte dos behavioristas vêem em Skinner a chance de permanecer no curso sem ficarem tão perdidos.
ResponderExcluirAnônimo: O problema do seu comentário - e de outros similares a ele - é que embora possa conceder-lhe a ilusória segurança de que a Psicanálise permanece inatingida ao desqualificar o autor, ele não diz nada a respeito de meu argumento.
ResponderExcluirAtacar o interlocutor é uma falácia lógica bastante conhecida e primária, chamada ad hominem:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ad_hominem
Conforme poderá ver ilustradamente se ler o link acima, mesmo se eu fosse alguém que quer vingar-se da psicanálise, um blefador ou alguém que a ataca por não a compreender (e, acredite, não é nenhum dos três casos), ainda assim nada disso invalidaria, por si, meu argumento.
Se acredita que o que estou apontando está incorreto, que não é uma crítica pertinente, que parto de incompreensões ou coisa que o valha, APONTE.
Vc não é o primeiro psicanalista magoado pra quem digo isso aqui, mas vale lembrar: pare de chorar, falar que se eu discordo da Psicanálise então é um problema pessoal MEU, e argumente.
Essa tentativa de blindar a teoria coloca a psicanálise lado a lado com as piores religiões.
Psicanálise é para dondocas que não tem nada melhor o que fazer e querem ficar torrando dinheiro indefinidamente.
ResponderExcluirTerapias Comportamentais são para pessoas que realmente precisam resolver um problema e não podem esperar até que o problema se resolva sozinho.
Fiquei espantado com a quantidade de argumentos que apelam à Filosofia, acusando o autor do texto de ser cientificista. Os autores destes argumentos são completos ignorantes, pois seu conhecimento de Filosofia mostra-se deficitário ao cindir Filosofia e Ciência.
Engraçada e reveladora a imagem que o rapaz colocou no início do artigo (e que é confessado ao longo do relato): Freud é a "menina dos seus olhos"...rs
ResponderExcluirsimpático o texto, muito bem, continue a estudar, você chega lá...
ResponderExcluira falácia ad hominen só ilustra que por trás de suas construções pseudo-lógicas existe um cara invejoso e raivoso em relação àquilo que não confirme o que você leu. Pode-se perceber que você não tem prática, nem em psicologia nem em relações humanas. Não sou psicanálista mas salta aos olhos o que quer apontar com seus comentários malidicentes. Por que não escreve um texto "Por que sou um behaviorista"? Faria um melhor serviço
ResponderExcluirEm tempo, corrigindo erros de digitação: *psicanalista , *maledicentes
ResponderExcluirum tanto quanto atrasado esse comentário (mas espero que você leia)...
ResponderExcluiro que você acha de tentativas como a John Bowlby de relacionar a psicanálise a disciplinas mais "científicas" (no sentido de um método replicável e falseável) como a etologia e a psicologia cognitiva? Essa linha poderia ser considerada uma possível "salvação" diante da "masturbação mental" que impera entre os psicanalistas ou é mais uma tentativa falaciosa (dessa vez encoberta pelo corpus teórico de outras disciplinas) de "fortalecer a psicanálise?
Pedro; só de você defender sua posição e se abrir para a "briga" já valeu.
ResponderExcluirAfinal, quem confia em "suas cartas" vai para o jogo. Gostei.
obs: tô formulando uma teoria ( Teoria da Gangorra) que tem a pretensão de melhorar o entendimento do homem.
Ferreira
Olá pedro como consigo ter acesso a sua monografia ?
ResponderExcluirOlá, Juliana!
ExcluirMe manda um e-mail que te passo: pedsampaio@gmail.com
Acho que esse tipo de postagem só desvaloriza a Psicologia enquanto serviço... Sou estudante de Psicologia e já sou graduado em História e não vejo sentido algum fazer comparação da minha especialização com a de outro colega. Entendo que se determinada teoria não desse resultado ela já teria sido proibida de ser utilizada. Enfim, ganharíamos mais se essa postagem fosse sobre novas descobertas para melhoria dos resultados em Psicologia independente da teoria.
Excluir"Entendo que se determinada teoria não desse resultado ela já teria sido proibida de ser utilizada."
ExcluirPor isso mesmo foi que proibiram a astrologia, certo? É óbvio que não! Temos até cursos superiores de astrologia!!
A crítica à psicanálise é totalmente válida, pois se sua ineficácia for demonstrada a um número maior de pessoas (a todos é impossível, a exemplo da astrologia), mais gente poderá procurar outras abordagens mais efetivas, economizando tempo e dinheiro.
Enquanto houver esse dogma instituído entre diferentes escolas estreitando os saberes, delimitando a verdade ao seu referente ideal ou a sua teoria, o saber contemplativo se manterá inerte em meio a essas discussões sobre pontos de vista. Sábio aquele que reconhece o limite da discussão.
ResponderExcluirEnquanto houver esse dogma instituído entre diferentes escolas estreitando os saberes, delimitando a verdade ao seu referente ideal ou a sua teoria, o saber contemplativo se manterá inerte em meio a essas discussões sobre pontos de vista. Sábio aquele que reconhece o limite da discussão.
ResponderExcluirBem para não ser muito vulgar vou apenas te chamar de idiota ,estude mais ,vc ja ouviu falar em um genio chamado Freud e estudou ele então deveria saber que ele era medico e quem melhor que um medico para conhecer de saude você vente ideias empiricas e fala da psicanalise vocẽ e um louco deveria passar dois dias na prisão e faser testes behavioristas la para ver se da certo,lamento você ter se especificado em behaviorismo e nunca ter conhecido os encantos da psicanalise ,bem o principio de toda psicologia e a mente quando falamos de psicanalise não significa metodo inconciente mas metodo analitico em fim não vou te dar aula você ja deve ter passado horas e horas lendo livros nazistas e fazer referência a Adolf Hitler.
ResponderExcluirQue bom que eu não sou a única que não me identifico com a Psicanálise, já cheguei a pensar que eu era anormal na minha graduação por ser a única que não gosta...
ResponderExcluirParabéns pelo texto e pela ironia cheeeeia de requinte!
Precisamos estudar mais um pouco e parar de querermos ser melhores do que as outras abordagens! Lembrem-se ( PsicologiAS e não PsicologiA.. 1° Período eu aprendi sobre isso e até hoje não esqueci.
ResponderExcluirPrecisamos estudar mais um pouco e parar de querermos ser melhores do que as outras abordagens! Lembrem-se ( PsicologiAS e não PsicologiA.. 1° Período eu aprendi sobre isso e até hoje não esqueci.
ResponderExcluirNossa, o que me estarrece é ver que pessoas como o 10 de novembro de 2015 03:42 não ter um olhar crítico e reflexivo e se deixar enganar, achando que é intelectual só por achar Freud um gênio. Ele nada mas fez do que traduzir em psicanálise o senso comum. Fico perplexa em saber que uma teoria foi fundamentada e embasada em apenas 18 casos, até hoje é considerada verdade absoluta e como disse alguém, ele é médico, pois é, por ser médico neurologista devia saber que temos terminações nervosas que liberam certas sensações, ops, ele é do final do século XIX onde tudo era muito rígido e pouco se sabia sobre o funcionamento dos neurônios e tudo mais. Bom, só pelo que ele fez com a filha, Anna Freud, não merece meu respeito. Como gosto de chamá-lo, Freudolento. Mas, como vivemos num mundo de lavagens cerebrais, tudo se explica, até Freud!
ResponderExcluirGostaria de receber sua monografia se possível. Curso o 3° módulo de Psicologia e acredito ser importante ver o que o outro tem a dizer sobre.
ResponderExcluirSegue meu email:
alissonslvjs@gmail.com
Grato! Alisson.
Estou começando meu curso de Psicologia agora e sempre fui cética quanto à Freud e a Psicanálise. Diferente dos meus colegas que entraram todos na faculdade já nessa vibe. Eu to me sentindo bem sozinha em sala. Sinceramente, a popularidade da psicanálise me desanima um pouco do curso, mas não quero desistir.
ResponderExcluirOi Pedro, Poderia me enviar sua monografia?
ResponderExcluirQueria estudar mais afundo.
Obrigado.
Brilhante amigo, penso igual, tentei por vários anos achar algo bom para que a psicanalise não morresse, mas não achei. Hoje precisamos da eficácia, e o Behaviorismo tem de sobra.
ResponderExcluirFreud é ultrapassado, e hoje vejo que a psicanálise como forma terapêutica, nunca existiu. Havia outros interesses por trás dela. Freud apenas copiou todos os conceitos que ja´existiam nas cosmologias, astrologias e religiões, nada mais, e deu uma roupagem diferente. Esse negócio de inconsciente já fora descoberto há mais de 15000 anos. Nada se cria, tudo se copia. O Jung viu isso e chamou-o para ir para o esoterismo, descordando de certas coisas, Freud surtou, e o "Jung meteu o pé". Faria o mesmo.
ResponderExcluirAs Terapias de ponta nos países de primeiro mundo, estâo quase todas na linha comportamental, saindo até da linha cognitiva. Eu que não sou bobo, sigo esses paises, onde tem estudos sérios.
ResponderExcluirAcho que a analise do comportamento deveria se afastar da psicologia, pois ser extremamente técnica e funcional. Ou a ciência da psicologia, deveria afastar certas linhas, sob pena de estar condenada
ResponderExcluirao insucesso.
Não é sem razão que Freud disse que a psicanálise não é para todos. E não é mesmo!
ResponderExcluirOi, Pedro.
ResponderExcluirSeria legal vc definir o que seria "funcional". Talvez para o profissional seja melhor uma técnica científica que vc consiga mensurar os resultados, se não pode ser muito frustante vc carregar a sensação que não está mudando nada.
Para mim, analisando, até agora gosto e prefiro a abordagem psicanalista justamente por não parecer que estou em uma consulta médica que serei "diagnosticada".
A psicanálise nem é enquadrada como ciência médica, então não se preocupe com isso. Quem se propõe a participar deste método terapêutico, como eu por exemplo, sabe que é uma teoria pouco prática e que não chega claramente em um resultado. Mas eu não estou buscando um resultado imediato, nem funcionalidade. Participar do método me fez pensar e aprender muitas coisas sobre mim.
Mas, sim, existe um misticismo na psicanálise e algumas "viagens", mas não vejo isso como negativo.
Abc