quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ciência, cientificismo e outros "ismos"

A estima com relação à ciência parece variar desde a total confiança até o mais completo descrédito. Há desde aqueles que tomam “científico” como sinônimo de “verdadeiro”, até aqueles que vêem a ciência como uma maneira limitada de compreender os fenômenos, além de viver mais de erros do que de acertos.

Muitos de nós conhecemos pessoas que representam bem estes dois extremos. Por exemplo, não é incomum conhecermos pessoas que, por ouvirem na televisão que os cientistas descobriram que comer ovo faz bem, passam imediatamente a comer ovos. Se no mês seguinte lêem no jornal que cientistas descobriram que comer ovo faz mal, imediatamente cortam os ovos de sua dieta. Da mesma forma, rejeitam práticas diversas sem sequer a conhecerem por não serem “comprovadas científicamente”, mesmo sem saber exatamente por que não o são.


No outro extremo temos aqueles que acreditam que a ciência respaldar ou rejeitar algo não quer dizer muita coisa. Afinal, se os cientistas dizem hoje que ovo faz bem e daqui a um mês que faz mal, qual a credibilidade? Além de tudo, a ciência parece rejeitar coisas que para muitos parecem fazer muito sentido, como a astrologia, e práticas cujos resultados eles já sentiram na pele, como a homeopatia. Como a ciência poderia saber mais que minha própria experiência?

O meio acadêmico reflete, de uma forma ou de outra, essa amplitude de pareceres do senso comum com relação à ciência. Assim, há também no meio acadêmico um debate a respeito do ônus do conhecimento científico, destacadamente entre as ciências ditas humanas e sociais. Não é raro ouvir em uma universidade tanto professores quanto alunos dizendo coisas como “claro que isso é verdade! Isso é cientificamente comprovado!” ou “essa visão sua é muito cientificista. É muito reducionista, você têm que considerar coisas que fogem do escopo da ciência”.

Mas afinal, o que significa ser “cientificista”, “reducionista”, “positivista” e outros adjetivos similares frequentemente utilizados para taxar defensores de uma compreensão científica dos fenômenos?

O que parece que querem dizer por cientificismo é algo como estar preso a um modelo, a um método (no caso, da ciência), como verdade absoluta, como única maneira de compreender o mundo, ignorando uma enorme gama de outros fatos, apenas porque este modelo/método não “dá conta” de abrangê-los. Algo muito similar parece ser o que chamam de reducionismo, ou seja, reduz os fenômenos – ou a compreensão dos fenômenos – a apenas aquilo apreensível por seu modelo/método, ignorando aspectos importantes. Já o positivismo parece geralmente vir atrelado à idéia de que há a adoção não apenas de um modelo/método científico, mas de um bastante ultrapassado, adotado por cientistas ortodoxos, uma negação de que existem formas diferentes de se fazer ciência.

Acredito que há problemas fundamentais nestas críticas.


Cientificismo


Parece-me que a idéia de cientificismo carrega consigo a noção de que a ciência é um método específico como, por exemplo, o método hipotético-dedutivo. Isso não é verdade. “Ciência” é apenas “conhecimento” e é o nome que adotamos para uma visão que envolve compreender e interrogar-se sobre o mundo de maneira cética. Ou seja, sempre norteados pela pergunta “temos motivos para acreditar nisso?” e “qual a melhor forma de investigar a respeito daquilo?”. Não poderia haver perguntas mais amplas.

O método que a ciência adota varia. Assim, se houver motivos para crer que os métodos e modelos que atualmente adotamos estão errados ou que existem formas melhores de abordar os fenômenos, descartaremos estes modelos atuais e adotaremos este melhor. Se, por exemplo, alguém conseguir demonstrar que o método hipotético-dedutivo tem sido insuficiente e que um método completamente novo, que envolve uma visão radicalmente nova de mundo e de conhecimento, consegue lidar melhor com os fenômenos, adotaremos este outro modelo. E ainda assim continuará sendo ciência. Complemento o que disse anteriormente, dizendo que ciência é apenas questionamento sistematizado: de por que deveríamos acreditar em algo e qual a melhor maneira de investigarmos a respeito de determinada coisa.

Isso torna complicada a crítica de “cientificismo”. Este “ismo” é com relação a quê? A questionar as coisas? A acreditar que apenas considerarei algo como verdadeiro ou correto quando houver bons motivos para isso? Por quê isso é algo ruim? E, olha que coisa linda, mesmo se a pessoa for capaz de apontar por que questionar as coisas desta forma é algo ruim e que há maneiras melhores de compreender, ainda assim será ciência! Pois esta será demonstradamente a melhor maneira de abordar os fenômenos.

Desta forma, acredito que a crítica de cientificismo só tenha alguma pertinência se estiver se referindo a pessoas que acreditam dogmaticamente em algo porque foi considerado científico ou comprovado científicamente, e da mesma forma rejeitam apriorísticamente algo que não tem esse rótulo.

O problema é que quem age desta forma está sendo tudo, menos cientista. Bem, claro que ele pode ser, em termos de formação e cargos que ocupa, um “cientista” (como um físico ou um biólogo), mas esta postura é o oposto de uma atitude científica. Um dogmático da ciência é o maior contrassenso que conheço, mas eles existem, infelizmente, e são tão inimigos do conhecimento quanto quaisquer outros dogmáticos.


Reducionismo


Já o termo reducionismo tem inegavelmente uma razão de ser, apesar de variar bastante como ele é empregado (diversas correntes filosóficas, lógicas e lingüísticas utilizam-no em sentidos bem diferentes). No entanto, parece que reducionismo tornou-se o adjetivo padrão a ser usado para qualquer concepção que rejeite o que você acredita ou explica de maneira diferente. Isso é perigoso.

Não podemos utilizar este termo como uma fuga. Afinal, simplesmente taxar uma pessoa ou uma idéia de reducionista para que sinta que está com uma visão mais ampla e sábia da questão, enquanto o reducionista veste viseiras de burro, não diz nada. É preciso apontar o quê exatamente está sendo ignorado, quais os motivos para crer que isso que está sendo ignorado existe e, principalmente, por que ignorar isso compromete a análise do fenômeno. Do contrário, torna-se apenas um inócuo adjetivo moral.

Existem várias formas de reducionismo. Se alguém afirma que homicídios são causados devido a um baixo poder aquisitivo do homicida, este alguém está reduzindo o fenômeno a apenas um fator, que pode ou não contribuir na ocorrência de alguns homicídios. Ignora, por exemplo, todos os casos de homicídio cometidos por pessoas com alto poder aquisitivo; ignora o fato de que a enorme maioria das pessoas com baixo poder aquisitivo não é homicida; ignora fatores que em vários casos de homicídios parecem ser mais relevantes.


Positivismo


Se o modo como o termo reducionismo tem sido utilizado incorre no risco de tornar-se um inócuo adjetivo moral, esta parece ser mais a regra do que a exceção no caso do positivismo. Este parece ter tornado-se sinônimo de antigo, bitolado, ortodoxo, limitado. E principalmente no meio acadêmico, parecem chamar de positivista alguém que só considera dados diretamente e consensualmente observados e que acredita que o cientista é neutro em suas pesquisas.

Existem diversos problemas nestas utilizações do termo. A primeira é que, ao dizer que uma idéia é positivista, precisamos especificar de qual positivismo estamos falando. Existem muitos, muitos tipos diferentes de positivismo. O positivismo de Comte é diferente do de Durkheim, que é diferente do de Claude Bernard, que é diferente do Juspositivismo, que é diferente do Positivismo Lógico, etc... A maioria das atribuições do parágrafo acima não se aplica a grande parte destes diferentes tipos de positivismo, inclusive o de Comte, “pai” do positivismo, que, ao contrário do que é difundido, não ignorava a subjetividade, mas considerava que uma pesquisa científica era fruto tanto da observação quanto da imaginação.

Além de ter de especificar a qual tipo de positivismo se refere, quem utiliza o termo com uma conotação crítica tem também de especificar por que isso é algo ruim. Dizer “você está sendo positivista” pode não significar nada se não é especificado qual o demérito nisso, o que está sendo ignorado, o que está sendo considerado em excesso, por que isso não deveria ser feito e como isso compromete a consideração do fenômeno em questão.

Do contrário, torna-se novamente fuga, taxando uma idéia de positivista como algo pejorativo, mas sem justificar o porquê e consequentemente sem dizer muita coisa.


E outros “ismos”...


O mesmo se aplica a outros tantos “ismos”. É importante estarmos atentos a como utilizamos nossos termos, se sabemos o que estamos falando e se estes estão nos auxiliando na compreensão ou fazendo o oposto.

A má utilização dos “ismos” aqui abordados e de outros tantos que poderiam ser mencionados, tem uma relação muito próxima com as duas posições extremas com relação à ciência, mencionadas no princípio do texto. Apesar de tê-las colocado como dois extremos opostos, tanto a confiança absoluta quanto a desconfiança exagerada com relação à ciência parecem ocorrer pelo mesmo motivo: a má compreensão da ciência.

Assim, aquele que passa a comer ou parar de comer ovos apenas por que lhe disseram que foi cientificamente comprovado que ovos fazem bem ou mal, demonstra desconhecimento de algumas questões primordiais. Primeiro, é vital questionar tudo, mesmo conhecimentos ditos “científicos”. Não é prudente aceitar uma conclusão de uma pesquisa apenas pela autoridade de pretensamente ter sido científica, mas procurar saber como esta pesquisa foi realizada, quais dados foram coletados, como eles foram coletados, se a conclusão que estabelecem de fato segue dos dados coletados ou se estão sendo precipitados em suas conclusões e, principalmente, como esta pesquisa foi recebida por seus pares. Afinal, é exigir demais todo esse esmero com relação a cada informação que nos chega, mas se esta informação vai ser relevante a ponto de alterar meus hábitos, é prudente pelo menos saber se há controvérsias ou não e por quais razões.

Uma pesquisa que seja mal-conduzida ou cuja conclusão não seja conseqüência necessária de seus dados, provavelmente receberá críticas de seus pares, apontando tudo isso. Não basta ter sido feita uma pesquisa, ela ter sido conduzida em laboratório com a mais alta tecnologia ou ter tido uma amostra de milhões de pessoas; nada disso é suficiente para que algo seja aceito  e cientificamente validado. Não basta fantasiar-se de ciência. A comunidade científica é ferina nestas questões, extremamente crítica e exigente. O que é, a meu ver, uma de suas maiores qualidades. O fato de a consagração de um cientista ser não apenas descobrir algo novo, mas também demonstrar que algo que se acreditava anteriormente está incorreto, faz com que a ciência tenha um processo auto-corretivo fantástico.

Uma segunda razão pela qual a pessoa deveria desconfiar ao ouvir que “cientistas descobriram que...” é por que as pesquisas científicas costumam ser muito – mas muito mesmo – mal divulgadas pela mídia. A mídia funciona de acordo com seus próprios interesses e estes, infelizmente, nem sempre têm a ver com um comprometimento com o conhecimento.

Desta forma, se na verdade a pesquisa indica que a gema do ovo, numa quantidade x, quando ministrada a pessoas com colesterol y, numa faixa etária específica, produz melhoras com relação ao desempenho de suas células z, não é incomum ser divulgado: “cientistas descobrem que o ovo faz bem!” E se uma outra pesquisa descobre que a clara do ovo, em quantidade a, quando ministradas a pessoas com colesterol b, dentro das condições c, produz conseqüências danosas ao organismo, pode ser divulgado que “cientistas descobrem que o ovo faz mal!”

Isso acontece por que quase ninguém teria interesse em ficar sabendo o resultado de pesquisas como estas – que são a maioria – e, assim, dão uma nova “roupagem” à notícia, em manchetes atraentes para mais pessoas. São, no entanto, enganosas.

O outro extremo, as pessoas que vêem a ciência com descrédito, é em grande parte fruto da mesma desinformação. Acreditam que a ciência afirme convicções muito precipitadamente e igualmente altere suas convicções no dia seguinte. Mas isso é mais a divulgação midiática do que o que de fato está acontecendo. Um bom cientista tende a ser extremamente cauteloso com as afirmações que faz e a comunidade científica extremamente crítica na recepção destas afirmações. Se há algo próximo de um consenso entre os cientistas com relação a algo, certamente é porque existem razões muito boas para se acreditar naquilo. Se uma nova informação/descoberta modifica a questão, o parecer dos cientistas pode também se modificar. Perigoso seria o contrário, pois se determinada crença fosse um erro, permaneceria um erro para sempre.

Mas talvez o que mais cause oposição à ciência seja o fato desta ser cética com relação a coisas que para muitas pessoas são verdades auto-evidentes, geralmente por que elas experienciaram, sentiram na pele, sua suposta veracidade. Citei como exemplo anteriormente a astrologia e a homeopatia.

Ninguém está negando a experiência de ninguém. Aquilo que alguém sente é real e tem uma causa. Mas não quer dizer que a causa seja aquela que a pessoa acredita ou que ela sirva de respaldo para validar uma idéia, da mesma forma que um paciente em um manicômio pode enxergar elefantes voadores por aí, mas o motivo pelo qual ele os enxerga não é porque de fato existem elefantes voadores. Nem sempre a explicação de nossa experiência está relacionada com o conteúdo de nossa experiência.

Assim, as previsões e descrições da astrologia podem fazer bastante sentido para muitas pessoas, mas isso não quer dizer muito com relação a sua veracidade. Há razões pelas quais a ciência rejeita a astrologia e nenhuma delas passa pela rejeição das experiências das pessoas com a astrologia. Estas razões envolvem o fato de fazerem descrições amplas, verdadeiras para muitas outras pessoas, ou que gostaríamos que fossem verdadeiras; envolve fazer previsões difíceis de serem falseadas, ou seja, independente do que acontecer, em muitos casos é difícil dizer se ela se concretizou, se não, ou se ainda não; envolve o fato de que tendemos a considerar e dar grande importância aos acertos, mas desconsiderar os erros; e ao fato de que é possível fazermos as mesmas afirmações que os astrólogos fazem, e com taxas de sucesso tão altas quanto ou maiores, sem consultar astro algum, sem saber nada a respeito de astrologia, apenas sabendo o que dizer. Dentre outros.

O caso da homeopatia parece mais complicado, a primeira vista. Muitas pessoas experimentaram melhoras consideráveis de muitas coisas diferentes tomando medicamentos homeopáticos. Há muitos médicos, com muitos anos de estudo e experiência, que garantem que a homeopatia funciona e é verdadeira, além de pesquisas que parecem demonstrar resultados convincentes de procedimentos homeopáticos.

Há uma razão muito simples para que isso ocorra: a homeopatia de fato funciona. Mas isso não quer dizer que ela seja verdadeira. Como isso é possível?

Isso é possível porque existe algo chamado efeito placebo. Não entrarei em detalhes, mas basta dizer que foi demonstrado que muitos pacientes que recebem pílulas de farinha (ou com apenas água, ou com nada dentro,etc) acreditando que estão de fato sendo tratados, frequentemente melhoram de seus males. Isso depende de uma série de fatores e ainda é algo muito estudado, mas o fato é que a farinha nada tem a ver com a cura daquele mal, basta que o paciente acredite que está tomando um medicamento de verdade. Fora as melhoras espontâneas: há a cura mesmo se não realizar tratamento algum, inclusive placebo.

O efeito placebo é real, mas é também limitado. Os medicamentos cientificamente validados são aqueles que apresentaram resultados bem melhores que o placebo. A homeopatia ainda sofre de dois principais problemas: o primeiro, que não há nenhuma evidência de suas afirmações, suas justificativas de por que funciona (“memória da água”, “igual cura igual”, etc); o segundo, que o tratamento homeopático nunca apresentou resultados melhores que o placebo. Nas pesquisas que parecem apontar o contrário (curiosamente sempre conduzidas por homeopatas e institutos homeopáticos) foram encontrados problemas metodológicos sérios ou não foram passíveis de serem replicadas, o que compromete a confiabilidade de seus dados.

Assim, simplesmente não há razões para acreditar nem na astrologia, nem na homeopatia, já que seus supostos efeitos, que fazem as pessoas sentirem o que sentem e acreditarem nestes, têm outras explicações e não têm a ver com a veracidade das afirmações nem da astrologia, nem da homeopatia. É por isso que a ciência os rejeita.

Agora, se um dia houver razões para crer que a astrologia ou a homeopatia estão corretas, isso pode mudar. O mesmo se aplica a quaisquer outras coisas.


Conclusão


Por tudo isso, acredito que a maior parte do descontentamento com a ciência seja fruto de sua má compreensão. O fato de doutores e professores universitários expressarem apaixonadamente tudo isso que aqui abordei não quer dizer muito. É triste essa constatação, mas é fato que existe um número incômodo de professores, doutores, autoridades, que não têm, apesar da convicção com que fazem suas afirmações, a menor noção do que seja ciência.

Escolhemos dar o nome de ciência à melhor forma que temos para compreender as coisas, seja lá qual for esta forma. Desconfie de quem disser o oposto. Aliás, desconfie de mim também e de todos os cientistas. Fazendo isso, você estará sendo um cientista.


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OBS: Este post é uma simplificação de um artigo com o mesmo nome que pretendo publicar. Este artigo aborda as críticas de "cientificismo" (e outros "ismos") direcionadas à Análise do Comportamento. Achei que poderia ser interessante simplificá-lo, torná-lo menos acadêmico e menos focado na questão da Análise do Comportamento, para falar de uma questão que vai além da Psicologia, interessando a outras áreas do conhecimento e principalmente sendo útil ao público geral. Por isso este post.

22 comentários:

  1. Que inveja de vocês que enfrentam esses problemas.

    Eu só encontro gente totalmente ignorante no assunto, não chego a ter esses dilemas e sofismas pra combater.

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  2. Pedro,

    Fico feliz que tenha, mesmo que forçosamente, feito seu blog e publicado, já de cara, um texto cujo conteúdo é tão importante. Aposto uma Heineken que aos poucos você vai gostar da ideia de ser blogueiro e vai pensar que já devia ter feito isso há muito.

    "'Ciência' é apenas 'conhecimento' e é o nome que adotamos para uma visão que envolve compreender e interrogar-se sobre o mundo de maneira cética."

    Fiquei com uma dúvida aqui. Exceto em "Ciência é conhecimento", ao longo do texto você deu a entender que ciência é um método, uma forma cética e sistemática de abordar os fenômenos do mundo. Por esse "conhecimento" você quer dizer da etimologia de "ciência"? Ou quer dizer que o "conhecimento científico", ou o conhecimento derivado do método científico, é ciência?

    Gostei dos exemplos que você utilizou para ilustrar suas considerações (homeopatia e astrologia). Que acha de escrever algo exclusivamente sobre astrologia depois?

    No mais, parabéns pelo blog e pelo texto. Espero que não desanime, porquanto você é um cara que tem muito a oferecer em termos de divulgação/popularização da ciência.

    Um abraço, meu caro.

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  3. Estudos científicos apontam que comentários fazem bem a saúde de blogueiros, mas estes tem que lê-los para fazer efeito. A base é igual aos estudos feitos com pacientes que recebiam orações: Somente aqueles que sabiam das orações demonstraram diferença de melhora para com o grupo de controle, que não sabia das orações e um que não recebeu orações tiveram resultados parecidos.

    Mas duvide disso, afinal metade eu inventei.

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  4. André: vc estuda o quê?

    Daniel: "Exceto em "Ciência é conhecimento", ao longo do texto você deu a entender que ciência é um método, uma forma cética e sistemática de abordar os fenômenos do mundo."

    Disse que ciência é sim uma forma cética e sistemática de abordar o mundo, mas não que é um método específico. Pelo contrário. Quando falamos de "método científico" estamos falando de um dos métodos que a ciência atualmente adota.

    "Por esse "conhecimento" você quer dizer da etimologia de "ciência"?"

    Isso. Do latim "scientia".

    "Que acha de escrever algo exclusivamente sobre astrologia depois?"

    Penso em escrever posts separados sobre ambos, e em breve!
    Acho que são pontos polêmicos que não dissequei suficientemente.

    No mais, estou realmente lisonjeado pelos elogios, Daniel! hehehe Especialmente vindos de vc. =)

    Thales: Na verdade o grupo que sabia que estava recebendo orações teve uma ligeira PIORA com relação aos outros grupos! Tem o relato desse experimento no livro do Dawkins.

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  5. Ótimo texto. Como de outras vezes, conseguiu ser didático pra quem não entende, como eu, bulhufas de filosofia.

    Sua definição de ciência como questionamento cético faz com que fique devendo um post sobre ceticismo, agora. Muita gente em Ciências Humanas encara "céticos" como sinônimo de "chatos".

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  6. A Aline tem razão... Espero que blogs como este ajudem a criar uma visão mais favorável sobre aquilo que é científico, especialmente no meio acadêmico das Ciências Sociais / Humanas.

    Parabéns pelo ótimo post!

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Excelente texto, Pedro. Você escreve muito bem mesmo.

    (Embora palavras como "contrassenso" ainda me choquem, saudosista lingüístico relutante à reforma ortográfica que sou...)

    Um trecho chamou-me a atenção:

    "Existem muitos, muitos tipos diferentes de positivismo. O positivismo de Comte é diferente do de Durkheim, que é diferente do de Claude Bernard, que é diferente do Juspositivismo, que é diferente do Positivismo Lógico, etc..."

    Interessante notar que há "movimentos" (artísticos, filosóficos, científicos etc) que transcendem áreas específicas e acabam originando diversos "desdobramentos". Estes desdobramentos podem diferir bastante uns dos outros, sobretudo quando as áreas a que dizem respeito são bastante diferentes ("positivismo filosófico" e "positivismo sociológico", por exemplo).

    Ocorre-me a idéia de Zeitgeist.

    Em muitos aspectos, o romantismo da filosofia de Nietzsche difere do romantismo da literatura de Goethe. Assim como o romantismo na música de Schumann difere do romantismo da arte de Goya. Entretanto, mais do que a própria época em si (digamos, grosseiramente, séculos XVIII e XIX), todos estes desdobramentos do "movimento romântico" guardam muitos aspectos em comum, quase uma essência metafísica, em termos.

    Se for nesse sentido, parece até razoável criticar algo como sendo simplesmente "positivista", ou "romântico".

    O que você acha?

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  9. Aline: Antes de tudo, obrigado pelos elogios! =)

    "Sua definição de ciência como questionamento cético faz com que fique devendo um post sobre ceticismo, agora. Muita gente em Ciências Humanas encara "céticos" como sinônimo de "chatos""

    É, e na verdade o senso comum todo tende a ver desta forma. Vou ver se escrevo mesmo, obrigado pela sugestão.

    Cláudio: Muito obrigado! Espero que contribua em alguma coisa mesmo. Contribuir um mínimo já é mais do que nada, né?

    J.M. Melocchi: Fico contente que tenha gostado. Obrigado!

    "(Embora palavras como "contrassenso" ainda me choquem, saudosista lingüístico relutante à reforma ortográfica que sou...)"

    Estou contigo nessa... Mas aos poucos estou tentando adotar.

    "Se for nesse sentido, parece até razoável criticar algo como sendo simplesmente "positivista", ou "romântico"."

    Mas que essência, que aspecto em comum seria este? Pode ser que exista, mas como este termo é compreendido de formas muito diferentes, acho importante especificar o que vc está querendo dizer.

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  10. Pedro, gostei muito do seu texto, obrigado por me indicar la no texto do bule que publiquei! Achei legal a tua exploração do continuum entre o cientificismo e o cinismo. me parece que essa questão é mt bem explorada no livro da Susan Haack que eu ja havia comentado contigo anteriormente. ah, por sinal finalmente o comprei e pretendo ler durante as minhas férias.

    Achei especialmente bacana o que vc comenta nessa parte:

    "Além de ter de especificar a qual tipo de positivismo se refere, quem utiliza o termo com uma conotação crítica tem também de especificar por que isso é algo ruim. Dizer “você está sendo positivista” pode não significar nada se não é especificado qual o demérito nisso, o que está sendo ignorado, o que está sendo considerado em excesso, por que isso não deveria ser feito e como isso compromete a consideração do fenômeno em questão."

    O engraçado é que se vc falar isso para um desses relativistas (e eu ja fiz isso) ele responde dizendo que vc está só sendo positivista de novo, exigindo precisão e definição das coisas, isso é coisa de positivista hahahaha
    ou seja, não importa o que vc diga, ele sempre vai tentar tirar seu crédito "xingando" vc de positivista, mesmo que isso seja algo simplesmente vazio de se dizer.


    Pelas nossas últimas idéias trocadas, tenho a impressão de que vc poderá oferecer um material de divulgação de altíssima qualidade nesse blog, pois vc é um cara mt competente e preparado! estou ansioso para ler os próximos textos, quando der solta mais um ai =)

    abraço!

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  11. André: Muito obrigado! Fiquei muito contente com suas palavras!

    Sobre a Susan Haack: onde vc comprou o livro? penso em comprar tb, já que achar em bibliotecas está complicado e não gosto de ler no computador...

    Sobre a esquiva dos relativistas, costumo responder algo como:
    "Ah, então posso dizer que essa idéia sua é NAZISTA e espalhar e convencer pessoas por aí que ela é nazista? Afinal, não importa o que quero dizer por "nazismo", nem se sua idéia corresponde a isso que quero dizer ou não."

    E explico como esse raciocínio é indesejável para ele e para qualquer um, e não tem nada a ver com positivismo.

    COSTUMA funcionar. Mas, tem nego... Vc sabe, né? Só com voadora. hehehe

    Abraço!

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  12. Pedro, eu encomendei pela livraria Cultura, foi o melhor preço que eu encontrei e relação custo\benefício.

    hahahaha essa resposta é boa, mas a cabeça de um relativista radical é completamente vedada e binldada contra raciocínios lógicos. eles normalmente desprezam a lógica, apesar d volta e meia acabarem tentando se denfender através de argumentos lógicos (quando é conveniente, é claro).

    como é mt facil relativizar qualquer coisa, eles sempre dão um jeito de parecer que estão por cima, por mais que suas falas sejam vazias e auto-contraditórias muitas vezes.

    abraçoo!

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  13. Olá! Sou estudante de pscologia e queria parabeniza-lo pelo texto, pois ele expressou perfeitamente vários pensamentos que eu vinha tendo ao longo do curso... Tudo o que vc falou é realmente bem presente no meio academico, e sempre me angustiou muito. Costumo ser monitora dos primeiros semestres do curso e é facil observar como essas afirmações sobre os "ismos" vao sendo "internalizadas" desde bem cedo, sem nenhum tipo de crítica ou reflexao mais apurada, a ponto desses termos se tornarem realmente algo commo um "xingamento", sem que nem ao menos se saiba o que significam... Deu vontade de imprimir várias cópias e sair distribuindo na faculdade...

    Abraço!

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  14. Interessante ponto de vista!
    Digo que sou a favor da verità effetuale, insistir nisso tlvz possa diminuir a quantidade de falácias clichês!!!

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  15. Com certeza o melhor texto que já li sobre o tema!

    Como disseram, também tive vontade de imprimir e distribuir, não só em universidades mas para que as pessoas entendessem melhor o que é ciência.

    Está claro, simples sem ser simplista, além de você escrever muito bem, Pedro! Recomendarei o texto e acompanharei o blog.

    Parabéns!

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  16. Aline: Fiquei felizão lendo seu comentário! hehehe. E me identifiquei muito também, eu passava pela mesma coisa, que foi inclusive o que inspirou o texto.

    Inclusive sinta-se à vontade para imprimir, passar para os alunos, ou passar o link do texto para os e-mails das salas, D.As, etc. A idéia é servir pra isso mesmo.


    Daphne: O problema da "verità effetuale" de Maquiavel é que ela pressupõe dois pontos muito criticáveis: 1- a neutralidade do observador; e 2- que somos capazes de observar a "realidade em sí".


    Ana Luísa: Muito obrigado! Fico contente então que o texto tenha cumprido sua função!


    Abraço a todos

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  17. Muito bom o texto e já comentei lá no bule.

    Mas, baseando-me nos comentários, digo: cuidado com outro ISMO, o relativismo.

    Ele também é utilizado da mesma maneira que "Positivismo". Como simples xingamento.
    E a exata mesma atenção que se deve ter ao dizer "positivismo" se deve ter ao dizer "relativismo".

    No mais, excelente texto.

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  18. Tiago: Antes de tudo, obrigado pelo elogio!

    Sobre o que apontou, tem razão. Mas me refiro especificamente ao chamado "relativismo epistemológico", tal qual por vezes caem Latour, Rorty, Lacan, Deleuze e outros.

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  19. Gostaria de saber se você escreveu o artigo específico sobre a análise do comportamento, quando pretende publicá-lo, enfim, pode ceder alguma informação?

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  20. O artigo está pronto, inclusive dei uma palestra na ABPMC deste ano baseada no artigo.

    Quando vai ser publicado eu não sei, mas em breve. Assim que souber, avisarei no meu facebook e possivelmente aqui no blog também!

    Abraço

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  21. Você que conhece muito de filosofia me diga uma coisa: o marxismo e positivismo são totalmente incompatíveis? Existe algum tipo de influência do positivismo no marxismo, ou seja, existe alguma forma de positivismo que influenciou(influencia) o marxismo?

    E-mail para resposta: anderson_mouralima@yahoo.com.br

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  22. Obrigado pela informação, Pedro.

    Estou curioso, pois lendo esse texto tive a impressão de que em alguma medida o behaviorismo radical se aproxima de um modelo positivista de ciência, o que me estranhou.

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