domingo, 16 de setembro de 2012

Dia torto



Dia Torto

Hoje o dia nasceu torto
Meio que ao avesso
Antes do sol cair morto
Sou eu quem anoiteço

Não sei se choro ou se vomito
Carência, raiva, melancolia
Não sei as palavras e me irrito
Com o maldito deste dia

Quero me prostituir na rua
Dirigir rumo ao infinito
Morar numa zona de conflito

Quero voar e cuspir na lua
Desaparecer sem deixar vestígios
Chorar por três dias seguidos

(Vou sem dó ou higiene
Enfiar o dedo na ferida

Hoje quero me banhar de querosene
e tacar fogo nessa vida)


[Pedro Sampaio, 2011]

2 comentários:

  1. Parabéns, Pedro. Materializou a angústia em versos. Cirurgicamente preciso na escolha das palavras.

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